Será que tem alguém lá fora? Aparentemente sim — e muita gente

Yara Laiz Souza
Ciência em Pauta
Published in
3 min readJun 17, 2020

Universidade de Nottingham acredita que tem muita gente sim habitando nossa vasta galáxia

Famosa foto tirada pelo Telescópio Hubble mostra muitas galáxias em apenas um pedaço muito pequeno de Universo (Créditos: NASA)

Um estudo da Universidade de Nottingham mostra que podem existir 36 civilizações alienígenas na galáxia Via Lactéa e todas elas com comunicação ativa. Esta estimativa levou em conta o pressuposto de que todas estas civilizações possuem seres semelhantes a nós — e, consequentemente, estão em planetas semelhantes ao nosso. O trabalho foi publicado no periódico Astrophysical Journal Letters.

Todo mundo já deve ter olhado para o céu e se perguntado: estamos sozinhos? Será que tem alguém com um telescópio apontado para o nosso planeta? Assim como saber como a vida surgiu na Terra, a questão sobre estarmos sozinhos ou não no Universo é polêmica e fascinante ao mesmo tempo. Muita gente já tentou lançar luz sobre essa questão. A famosa Equação de Drake, formulada em 1961, quis abrir diálogo sobre essa questão. O seu criador estimou que poderia existir entre 1000 e 1000.000.000 civilizações. Apesar de ser creditado a Enrico Fermi, o Paradoxo de Fermi nunca foi mencionado pelo seu suposto criador, mas é uma outra visão sobre a questão da vida extraterrestre. O paradoxo de Fermi é uma crítica a argumentação sobre as civilizações e suas supostas escalas ao mesmo tempo que não há evidências fortes o suficientes para sustenta-las. Atualmente, temos muita tecnologia e ciência a nosso favor, o que dá a estas ideias famosas um ar de desuso. A argumentação do trabalho é justamente em cima de conhecimentos astrofísicos e astrobiológicos que temos hoje:

“Deveria haver pelo menos algumas dezenas de civilizações ativas em nossa galáxia, partindo do princípio de que são necessários 5 bilhões de anos para que a vida inteligente se forme em outros planetas, como na Terra”, explica Christopher Conselice, professor de astrofísica e líder do trabalho, para matéria no site da Universidade de Nottingham.

O trabalho explica que há uma linha tênue de pensamento que separa duas ideias: a primeira é de que civilizações podem surgir em menos de 5 bilhões de anos e outra é de que civilizações podem surgir com mais de 5 bilhões de anos. No caso da Terra, nós surgimos há 4,5 bilhões de anos. Levando em consideração de que a Terra orbita o Sol, uma estrela do tipo G e que o nosso planeta se encontra em zona habitável desta estrela, o cálculo do trabalho estimou 36 civilizações em nossa galáxia.

“O método clássico para estimar o número de civilizações inteligentes se baseia em adivinhar valores relacionados à vida, em que as opiniões sobre tais questões variam substancialmente. Nosso novo estudo simplifica essas suposições usando dados, fornecendo uma estimativa sólida do número de civilizações em nossa galáxia”, diz Tom Westby, autor principal do artigo.

Entretanto, estas civilizações estariam longe demais entre nós e entre si: cerca de 17.000 anos-luz de distância.

A ideia tem contrapontos e um deles é de que realmente sejamos os únicos na galáxia. Há muitos fatores astrofísicos que podem influenciar na existência de um planeta ou de vida e pode ser que outro planeta e a vida que o habitava tenham sido destruídos por estes fatores em algum momento. A nossa tecnologia atual também pode ser um impeditivo para nos comunicar com estas civilizações ou a tecnologia dessas civilizações podem ser um impeditivo para nos encontrar. Talvez, ainda demore muito tempo para uma resposta mais concreta, mas, com a ajuda da ciência, encontraremos nossos primeiros vizinhos no tempo certo.

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Yara Laiz Souza
Ciência em Pauta

Comunicadora Científica, bióloga em formação, pesquisadora da Educação e do Ensino de Biologia.