Supercomputadores da NASA no combate ao COVID-19

Yara Laiz Souza
Ciência em Pauta
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3 min readJun 3, 2020

A agência têm cedido seus supercomputadores para pesquisas de combate ao vírus

Supercomputadores no Centro de Pesquisa AMES (créditos: NASA)

A Agência Espacial Americana (NASA) está cedendo todo o seu poder de processamento de dados, através de seus supercomputadores, para as pesquisas que buscam novos tratamentos, remédios e vacinas para o vírus Sars-Cov-2, transmissor da COVID-19. A NASA entrou em um consórcio internacional de cooperação e pesquisa contra o vírus ajudando a entender como o vírus interage com as células humanas até os fatores genéticos que causam mais riscos aos pacientes.

Apesar de este não ser um trabalho comum para a NASA, a agência acredita que neste momento todos os esforços são válidos. O consórcio internacional, chamado de COVID-19 HPC Consortium, conta com nomes como Microsoft, Amazon, Hewllet Packard Enterprise, IBM, além da NASA. O consórcio é organizado pelo Escritório de Políticas para a Ciência e Tecnologia da Casa Branca.

Estes supercomputadores são capazes de processar uma gama muito grande de dados em um tempo bem menor que os computadores convencionais. Além disso, também são capazes de ler e decodificar dados vindos de softwares complexos (que dependem de computadores complexos), além de dar resultados mais precisos e confiáveis por conta da sua alta capacidade de processamento. Estas máquinas são utilizadas para pesquisas com o nosso Sistema Solar e exoplanetas, pesquisas de todos os cunhos aeroespaciais, projetos estudos sobre o comportamento do Sol e pesquisas astrofísicas. Os supercomputadores residem no Centro de Pesquisa AMES da NASA, no Vale do Silício.

“Este não é um trabalho usual da NASA, mas nós temos supercomputadores e a expertise para ajudar pesquisadores do COVID-19 no processamento de dados científicos”, disse Tsengdar Lee, programador chefe do programa computacional da agência, para release no site da NASA.

O Novo Coronavirus (Créditos: CDC)

Duas aplicações importantes que estes supercomputadores estão ajudando a processar são a identificação dos fatores genéticos de risco e a geometria molecular do vírus.

A Síndrome Respiratória Aguda Grave é um dos problemas que a COVID-19 gera nos pacientes, principalmente os mais graves. Além da falta de ar, a síndrome acarreta na utilização da ventilação pulmonar e gera a ocorrência de líquido nos pulmões. Uma vez que nem todos os pacientes apresentam a síndrome de forma igual ou regular, pesquisadores estão utilizando a experiência da NASA com Astrobiologia e Medicina Espacial para analisar o material genético de pacientes em diferentes estágios da doença e tentar entender qual o perfil que desenvolve com mais facilidade a síndrome após ter contato com o vírus.

O processamento da geometria molecular do vírus, ou seja, reproduzir com precisão a sua forma e os seus detalhes visuais e químicos, é um passo importante para os remédios e vacinas. Uma vez que conhecemos a sua forma e a sua química, é mais fácil produzir os fármacos que vão dar um resultado mais preciso na destruição do vírus no corpo humano, além da imunização das pessoas por longos períodos.

Além destas questões, os supercomputadores estão empenhados no processamento de dados referentes a imunidade dos pacientes curados e moléculas químicas que podem ser utilizados na produção de fármacos. É um grande poderio de software e tecnologia no combate a pandemia.

Respiradores

Recentemente, a NASA selecionou 21 empresas e institutos para produzirem e distribuírem ventiladores pulmonares projetados pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA. O Brasil esteve entre os selecionados, com duas empresas privadas e um instituto.

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Yara Laiz Souza
Ciência em Pauta

Comunicadora Científica, bióloga em formação, pesquisadora da Educação e do Ensino de Biologia.