Infodemia, fake news e a Covid-19
Durante uma conferência internacional no ano passado, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que não estamos vivendo apenas uma pandemia, estamos combatendo uma infodemia.
Em seu pronunciamento, Tedros destacou que tão perigoso quanto o vírus, é o surgimento e a disseminação de fake-news (notícias falsas).
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a infodemia é:
Um grande aumento no volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo devido a um evento específico.
Mas o que a infodemia tem de tão grave, para ser comparada com um vírus que tem deixado o mundo em total insegurança há mais de um ano?
A popularização do termo “fake news” deve-se, principalmente, ao fato do impacto que essas notícias falsas causaram em diversos campos: políticos, sociais, dentre outros.
Outra grande influência, é a rapidez com a qual as informações têm nos alcançado nos últimos anos. A força da globalização, a velocidade da tecnologia, o uso de diversas redes sociais, faz com que, em menos de vinte e quatro horas, uma notícia consiga se tornar obsoleta.
Poderia me prolongar nas centenas de estudos acadêmicos sobre essa temática, mas vou me ater à minha observação e vivência pessoal.
Outro dia, meu professor da especialização na Fiocruz me deixou embasbacada, quando mencionou durante uma de suas aulas:
As pessoas que acreditam em notícias falsas, não acreditam em notícias falsas, acreditam no que consideram ser a verdade para elas.
“Mundinho Zap”
O WhatsApp ganhou, ao longo dos últimos anos, uma repercussão gigantesca mundo afora. Me lembro que, em meados de 2012 (sim, eu já estava lá), dos meus contatos telefônicos, quatro ou cinco pessoas também eram usuárias. Hoje, eu já consigo marcar consultas médicas, teclando com um bot numa conta comercial- e as empresas tem aderido cada vez mais a ferramenta -, tamanha evolução da plataforma.
Mas como o WhatsApp pode contribuir com as fake news? A grande quantidade de usuários, aliada as constantes evoluções de funcionalidades, fazem notícias (verdadeiras ou falsas) estarem a um “encaminhar” de distância.
Assim, outro dia recebi da minha tia:
Encaminhada: mensagem do Secretário de Saúde do Estado da Bahia
Nunca escrita pelo Secretário de Saúde da Bahia.
É um verdadeiro fenômeno, está em toda parte, do nosso lado, nas nossas famílias, amigos e etc.
É Facebook, mas pode me chamar de “Face”
Outra potente geradora de notícias falsas, é a primogênita rede de Mark Zuckerberg. A avassaladora quantidade de notícias que circulam dentro do Facebook, fez com que ao longos dos anos, a plataforma entregasse inúmeras funcionalidades de filtragem, tamanha a quantidade de usuários gerando conteúdo. (Sim, também estive lá desde 2008).
Uma epidemia como a da Covid-19, por ser tão nova, tão aterrorizante e tão incerta, faz chover milhões de notícias e opiniões, das corretas até as mais absurdas. O problema é que, em sua grande maioria, opiniões e notícias absurdas se multiplicam, e têm vencido cientistas, profissionais da comunicação e profissionais da saúde.
Mas… O problema está nas redes sociais, afinal?
Particularmente, acredito que não!
Há o famoso ditado de que tudo existe para o bem e para o mal. Como essa visão maniqueísta não é muito a minha maneira de observar as coisas, diria que, o viés ou heurística da disponibilidade representa o componente mais provável.
As pessoas querem informação cada vez mais rápida, com o mínimo de esforço possível, e numa pandemia como esta, espalhar notícias falsas pode comprometer vidas (no sentido mais literal possível) o que é completamente assustador.
Se quiser saber mais sobre esse assunto, tem um artigo interessante aqui.
Podemos combater as fake news?
Retornando ao pensamento do meu professor, e pensando no meu papel como comunicadora, acredito que o afastamento, a aversão ou a idiossincrasia, ao invés de nos aproximar, nos coloca em um lugar de falsa superioridade.
O diálogo precisa ser o nosso ponto de partida.
O título deste post também poderia ser: por que as pessoas acreditam no que acreditam?
Quando perguntada, minha tia do Zap, disse que não sabe exatamente porque encaminha mensagens, mas concordamos que antes de enviar notícia para toda a agenda dela, sempre que possível, checaremos juntas, e veremos se é verdadeira antes de espalhá-la; é o que chamamos de fact-checking.
Mas esse é um assunto para outro post!
Aqui, finalizo convidando você a fazer parte da comunidade do diálogo!
É preciso conversar com as pessoas. A gente às vezes cansa, mas desistir definitivamente, não é uma opção.
Um abraço e até a próxima!
Sobre a autora: Mariana Amorim sou graduada e especialista em Marketing pela Faculdade Anhanguera, especialista em Gestão de Projetos pelo Senac — DF, e curso Comunicação em Saúde pela FioCruz Brasília— Atualmente trabalho como analista de Comunicação e Marketing na Sysvale Softgroup.