|FORQUILHA|
Forquilha é galho quebrado
E que foi necessário quebrar-se para forquilhar
Se não quebrasse,
não seria útil como tal
A quebra é seu surgimento para o ser
Não há de se confundir
ser quebrado com ser inútil
Pois o quebrar o galho para a forquilha
e a batiza de utilidade — a reveste
Forquilha é bifurcação
Separam- os braços
pra um lado e pro outro
a partir de um mesmo eixo
Não são braços que se cruzam jamais
já que o cruzar-se acabaria com a essência e com a harmonia dela
Pra um lado, um braço vazio, solitário
e silencioso sob as luzes dos postes
Pra outro lado, um braço onde a multidão
se dilacera e tenta calar a dor no grito
Não se sabe onde há maior solidão,
se no breu ou na curtição
Ainda assim a forquilha se faz trampolim
Ela atira pra frente as elucubrações
do artista que assiste de onde
as diferenças não são distintas,
mas faceiam duplamente a mesma moeda
O dia chegará em que
quem será lançada pra frente
será a forquilha. Pobre forquilha!
Se viu útil e lutou.
Se fora esquecida, não foi culpa sua
Mas daquele que a esqueceu