O mico

David Diogo Haddad
Cidade Fantasma
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1 min readJun 1, 2020

Descansa o óculos no bloco
leva as mãos a testa
o suor deixa as mãos pegajosas
limpa na calça mesmo
o dia acabou

só não sabe se foi o horário
se foi o cansaço
se foi a peça

ou se foi a notícia de capa
que em letras capitais
anunciou

a vitória da morte,
do medo, do mico
eu minto e troco as letras

afinal não se sabe
quem ouve, quem lê,
quem categoriza o meu grito

sufocado
eu odeio o futuro
e o prazer que ele traz
de que eu terei certeza

que o estrago
é um soco no âmago
de um sonho do que
poderia ter sido

a inércia do retrato da minha janela
despreza o nosso destino.

Vitória, 15 de agosto de 2019

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David Diogo Haddad
Cidade Fantasma

Após dez anos escrevendo poesias no blog Poesia de Varanda (www.poesiadevaranda.blogspot.com), chegou a hora de contar outras histórias.