O basquete como estilo de vida e de mudança na sociedade

Rafael Brito
Cidades e Esportes
Published in
8 min readJun 22, 2018

Por Rafael Brito de Sena

André Bittencourt, criador do projeto Snakers Family Basketball, em Porto Alegre. Foto: Rafael Brito

O que faz um adolescente gostar de um esporte que não é tão popular entre seus pares, mas que muda a vida daqueles que praticam? Não é do futebol que falamos e sim o basquete, criado nos Estados Unidos em 1891 por James Naismith e difundido mundialmente. O conceito é simples: bola ao cesto. E esse conceito que André Bittencourt, junto com mais três amigos, teve a ideia de criar o Snakers Family Basketball, um grupo, ou família, como o próprio André define, que leva o basquete para as ruas de Porto Alegre e aproxima as pessoas em torno da bola laranja.

As transmissões da NBA (liga americana) e NBB (liga brasileira) em rede nacional ajudam a propagar o esporte pelo Brasil. Canais de esporte da TV fechada veiculam cinco, seis jogos por semana, o que chama atenção de uma população que consome quase exclusivamente futebol. Esse foi um dos assuntos dessa entrevista.

André, como o basquete entrou na tua vida?

O basquete entrou na minha vida através de um convite de um amigo meu. Ele me convidou, pois tinha mais contato com o basquetebol. Eu nunca tive uma experiência até os meus 14 anos, eu nunca tive contato e ele me convidou e comecei a jogar.

Na primeira vez que eu fui, era uma resistência, porque eu não gostava tanto de basquete assim. Mas, conforme eu fui jogando, acho que a questão do círculo de amizade que a gente teve foi o que me motivou a ficar lá, continuar jogando e depois criar o que a gente tem hoje, que é o grupo dos Snakers, onde a gente joga. Foi assim o meu primeiro contato com o basquete.

Foto: Divulgação (https://pt-br.facebook.com/snakersfamilybasket/)

Sobre os Snakers, como surgiu esse projeto, como tiveram a ideia de criar?

Foi tudo meio espontâneo, as coisas foram acontecendo. No início éramos quatro amigos, e a partir daí nós fomos agregando, convidando amigos, colegas meus, vizinhos, que moravam perto da Praça Rachel Wolfrid, que ficava de fácil acesso para eles e nós fomos jogando. Isso até 2014, onde foram agregadas pessoas de outras regiões de Porto Alegre, e pra chegar onde chegou hoje, nós levamos os Snakers para outra praça, na Vicente da Fontoura (Praça Adair Figueiredo) um local bem mais centralizado, com mais fluxos de pessoas. O pessoal passava, olhava uma movimentação diferente, uma galera que joga basquete, acaba se identificando e agregando. Criou um grande círculo de amizade a partir disso e se consolidou o que apelidamos de Snakers, o pessoal que gosta de jogar basquete e que não necessariamente tenha um “dom”, de conhecer fundamentos.

E como chega as pessoas pra começar a jogar com vocês?

O pessoal chega “cru”, quer jogar, e estamos dispostos a trabalhar isso pra eles também, questão dos fundamentos, de jogo. Quando eu entrei na Instituição (IPA), comecei a fazer parte do Grupo Universitário de Basquete e foi aqui que comecei essa ter uma vivência maior com o basquete. E a partir daí, na área da Educação Física, comecei a tentar aplicar uma certa didática com o pessoal (do Snakers). E como fomos agregando outras pessoas que já tinham experiência maior, uma bagagem maior com o basquete, começamos a criar essa metodologia. Víamos alguém que gostava de basquete e íamos ajudar a crescer e motivar a participar cada vez mais no esporte.

Qual tua avaliação do projeto, o crescimento dele desde a criação?

Apesar de estar afastado duas, três semanas por conta da faculdade, o grupo, pode parecer muito clichê, mas eu considero como uma família mesmo, porque o pessoal que agregou realmente curte, não só o jogo. Por exemplo, um dos integrantes era uma pessoa que apenas gostava de basquete ele assistia NBA, mas nunca jogou. Então ele foi convidado por outro integrante, começou a jogar e teve uma evolução incrível, pois ele evoluiu fundamento por fundamento, se dedicava, ele via que estava evoluindo e se engrandecia e a se começou a se envolver mais com o grupo.

Foto: Divulgação (https://pt-br.facebook.com/snakersfamilybasket/)

Qual nome desse integrante?

Guilherme, hoje ele é formado em jornalismo e nós comentamos que ele é quem nos passa todas as informações da NBA, pois ele está ligado nas noticias. E o Guilherme é um exemplo de que o basquete tem um viés de vínculo muito grande. Pra mim, que até nem gosto de falar isso, mas o pessoal brinca, me apelida de “Boss” (chefe), porque os Snakers vieram comigo e com o Rafa num período que fizemos a migração para a outra praça melhor localizada. Hoje eu vejo o grupo como uma família, o pessoal gosta do basquete, da companhia um dos outros, sempre se ajudando, conversando durante a semana, seja para falar de basquete, como nos playofss da NBA como em um viés mais descontraído. É um local saudável pra prática de esportes e pra convivência.

E sobre times, como funciona, por idade, uma equipe geral?

Na verdade, é tudo uma coisa só, não temos uma definição. A não ser quando fazemos algum evento, como o campeonato interno, que organizamos um final de semana, deve acontecer em setembro, e fazemos da seguinte maneira: são times com três e colocamos um jogador iniciante mesclando com intermediários e com quem já tem certa experiência. Fazemos essa divisão pra tentar equilibrar os times, deixar o campeonato competitivo, mas saudável para que ninguém se sinta desmotivado. Mas fora isso, todo domingo que jogamos é mesclado, sorteamos os times na sexta e nos organizamos dessa maneira para os jogos.

E como tu vê o basquete em Porto Alegre, tem muitos lugares para a prática? Outros grupos além dos Snakers?

A criação dos Snakers foi a partir de uma ideologia, quando eu não tinha tanto domínio sobre o basquete, eu não via o esporte forte, com uma expressão tão grande. Hoje, pela vivência que eu tenho, acho que deu uma evoluída, mas talvez por eu ter nesse tempo de basquete, que comecei realmente a praticar, a conhecer pessoas que acabaram jogando e não ficaram, campeonatos pelo IPA onde conheci mais gente que está envolvida com o basquetebol, eu sinto que hoje Porto Alegre tem um grande número de pessoas que praticam e gostam, além dos Snakers. Existe outras “tribos” que jogam na Redenção, que já eram bem conhecidas antes de pensarmos em criar o projeto. Uma representatividade dentro dos clubes, num viés mais competitivo, e talvez a NBA nesses últimos dois, três anos, acho que ganhou uma força maior em termos de divulgação. E eu vi muitos novos adeptos ao basquete, um pessoal que é mais do futebol e que dizia que não jogava basquete, mas que acompanhava a NBA, que sabe quem é o LeBron James, Kevin Durant, Stephen Curry… Isso torna o basquete mais evidente.

Pose para foto pós-jogo. Foto: Divulgação (https://pt-br.facebook.com/snakersfamilybasket/)

E sobre times, como funciona, por idade, uma equipe geral?

Na verdade, é tudo uma coisa só, não temos uma definição. A não ser quando fazemos algum evento, como o campeonato interno, que organizamos um final de semana, deve acontecer em setembro, e fazemos da seguinte maneira: são times com três e colocamos um jogador iniciante mesclando com intermediários e com quem já tem certa experiência. Fazemos essa divisão pra tentar equilibrar os times, deixar o campeonato competitivo, mas saudável para que ninguém se sinta desmotivado. Mas fora isso, todo domingo que jogamos é mesclado, sorteamos os times na sexta e nos organizamos dessa maneira para os jogos.

E como tu vê o basquete em Porto Alegre, tem muitos lugares para a prática? Outros grupos além dos Snakers?

A criação dos Snakers foi a partir de uma ideologia, quando eu não tinha tanto domínio sobre o basquete, eu não via o esporte forte, com uma expressão tão grande. Hoje, pela vivência que eu tenho, acho que deu uma evoluída, mas talvez por eu ter nesse tempo de basquete, que comecei realmente a praticar, a conhecer pessoas que acabaram jogando e não ficaram, campeonatos pelo IPA onde conheci mais gente que está envolvida com o basquetebol, eu sinto que hoje Porto Alegre tem um grande número de pessoas que praticam e gostam, além dos Snakers. Existe outras “tribos” que jogam na Redenção, que já eram bem conhecidas antes de pensarmos em criar o projeto. Uma representatividade dentro dos clubes, num viés mais competitivo, e talvez a NBA nesses últimos dois, três anos, acho que ganhou uma força maior em termos de divulgação. E eu vi muitos novos adeptos ao basquete, um pessoal que é mais do futebol e que dizia que não jogava basquete, mas que acompanhava a NBA, que sabe quem é o LeBron James, Kevin Durant, Stephen Curry… Isso torna o basquete mais evidente.

Foto: Divulgação (https://pt-br.facebook.com/snakersfamilybasket/)

O grande número de transmissões na TV (ESPN e SporTV) ajuda a aumentar a quantidade de pessoas que gostam de basquete?

Acredito que sim, porque um tempo atrás somente a ESPN transmitia, e era um canal um inacessível pra muita gente, e a SporTV também consegue chegar a pessoas que não tinham tanto acesso. Por exemplo, tem um pessoal com um projeto muito bom na Restinga que antes não tinham acesso a um jogo da NBA e hoje tem, comentam, conversam sobre quem está melhor quem não está. Então acredito que tenha sido um ponto positivo a SporTV ter acesso as transmissões e alguns eventos, como a NBB, que acredito ter muito a melhorar, mas que, com “passos de formiga” vai construindo algo bem bacana.

E sobre o crescimento do NBB e de times no Rio Grande do Sul?

Nesses últimos três anos eu vejo uma evolução bem interessante no NBB e inclusive com um time do Rio Grande do Sul, o Caxias do Sul, o que pro nosso estado é uma força que às vezes não prestamos muita atenção, mas que é de um grande fundamento para nós, para o basquete gaúcho.

Memorial

A entrevista foi realizada no ginásio do Instituo Porto Alegre (IPA), onde André treina com a Equipe de Basquete. Além disso, ele cursa Educação Física, onde se formará ao final do ano.

O contato para a realização da entrevista foi rápido, pois conheço o André a alguns anos. A conversa foi descontraída, já que o assunto é de interesse de ambos, o que levou a uma entrevista leve e informativa.

Além disso, pude conhecer um pouco mais o projeto Snakers Family Basket. Já tinha visto fotos no perfil do André no Facebook e Instagram, mas não conhecia a fundo como funcionava, a criação, onde jogam. Foi uma boa entrevista, uma conversa tranquila. Sou uma pessoa que gosta muito de esportes, acompanho algumas ligas americanas (Futebol Americano, Basquete, Beisebol) e uma conversa sobre um desses esportes é bem instigante e animador para mim, já que posso falar sobre um tema que não tem grande espaço na mídia quando comparamos com futebol e que merece mais oportunidade de crescimento.

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Rafael Brito
Cidades e Esportes

Estudante de jornalismo. Filmes, Futebol, NFL, MLB, NBA e séries.