Nunca mais seja surpreendido por formol no seu leite

Como saber antes do noticiário?

#GoplanThinking
Ciência Descomplicada
2 min readSep 21, 2017

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Fonte: Unsplash

Acredito que todos se lembram da polêmica de lotes de leite produzidos e comercializados com teor de formol (formaldeído) acima do teor máximo permitido. Há algum tempo também se discutia muito sobre essa substância nos cosméticos, em especial aqueles destinados ao tratamento capilar (cabelos lisos e brilhosos *.*), mas esse tema parece ter caído no esquecimento do público geral… ainda assim, permanece potencialmente carcinogênico.

Aqueles que não são do ramo científico, informo-lhes que o formol não é de todo ruim. Em outras formas químicas é aplicado nos móveis de MDF e MDP de sua casa para impedir a proliferação de pragas, na fabricação de tecidos, tintas e corantes, em fungicidas e anti-sépticos.

Pois bem, em 2009 a ANVISA restringiu sua aplicação cosmética, a exemplo de países como Alemanha, Estados Unidos e Japão, mas sua comercialização continua presente em produtos de limpeza e alimentícios (até cerveja!). O uso criminoso do formol como conservante alimentício só é informado, quando encontrado e divulgado, em muitos casos, após o consumo por algumas famílias.

Para evitar que chegue ao consumidor, a fiscalização deve agir rapidamente e de maneira eficaz, contudo pode falhar ou demorar. Por isso, alguns pesquisadores da UnB (Universidade de Brasília) propuseram um método químico de análise para identificar a presença deste composto de maneira que qualquer pessoa pode realizar em casa! Imagine você, super sensível ao formol, imagine crianças em creches consumindo leite contaminado, imagina se a fiscalização perde o timing e muitos sofrem de intoxicação… esse teste faz de qualquer um fiscal.

O teste é visual, através da mudança de cor indicada em um papel de filtro que contém o reagente de Schiff. O material contendo os reagentes é exposto aos produtos suspeitos e caso haja presença de formol, a coloração do reagente se altera para levemente roxo. O procedimento é simples, porém é complicado encontrar o reagente. Essa dificuldade pode ser superada pela distribuição de kits para teste aos grandes centros de distribuição de leite e derivados, o que já reduziria enormemente as chances de consumo de produto contaminado. Além disso, os materiais utilizados são de baixo custo, o resultado é rápido e a qualidade da resposta é aceitável.

Acredito que a relação custo benefício justifica seu teste, mas claro, as agências reguladoras terão um papel determinante em decidir se o teste pode ser realizado e como deve ser o procedimento. Uma vez popularizado, é possível que esse teste se torne mais comum e possível de realização dentro de nossas casas.

O ideal era a inexistência dessa contaminação, mas como sempre há de existir inescrupulosos, a ciência continua trabalhando…

Tanto o preparo, quanto o procedimento e bases teóricas podem ser encontrados no artigo publicado recentemente na revista Química Nova, da Sociedade Brasileira de Química.

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Ciência | Tecnologia | Inovação, escreve para o Ciência Descomplicada, TRENDR e Subjetiva