CORRA

Um jovem afro-americano é convidado para conhecer a família de sua namorada caucasiana. Entretanto, o comportamento estranho, e a abundância de atenção que recebe, acaba fazendo com que ele desconfie deles. Com razão, o rapaz descobre que aquelas pessoas escondem um segredo bastante perturbador.

Filme com uma temática pouco convencional, Corra traz um terror psicológico com um subtexto bem interessante, onde relaciona o preconceito enraizado dentro do cerne da sociedade. O comediante estreante na direção, Jordan Peelle segue com uma direção bem consistente, a forma como os enquadramentos e as cenas são construídas , resultam em uma atmosfera com muito suspense e tensão a todo instante. 104 minutos de filme são mais que necessários para apresentar a história, desenvolver os personagens e finalizar a história de maneira contundente.

A grande sacada de Jordan, se dá ao fato de conseguir colocar em pauta duas questões importantes que são: construir uma história bem estruturada com um bom ritmo e com uma temática social sem soar maniqueísta, já e segunda questão é que ele não precisar inserir camadas dentro da história sem sentido, apenas como forma de protesto, pois, tudo acontece por uma razão e cada situação tem sua importância dentro da história. A narrativa é bem estruturada, a tensão aumenta de maneira gradativa resultando em um roteiro original, aí vale um elogio ao Jordan Peelle pelo roteiro bem consistente, esse é um dos trunfos do filme!

As atuações estão em alta, Daniel Kaluuya (Chris Washington) e Allison Williams (Rose Armitage) conseguem extrair toda a química presente em seus diálogos, agem com naturalidade e conseguem canalizar toda a tensão apresentada no longa.

O único ponto negativo na minha opinião, está no final do 3º ato. Achei os últimos 20 minutos um pouco confuso, soluções fáceis, situações meio clichê, fizeram com que o o final destoasse um pouco de tudo que já havia assistido, porém, essa pequena parcela não estraga o produto final.

por fim, temos um filme que deveras é construído aos poucos e tudo acontece por um motivo, traçando uma narrativa linear onde a medida que o tempo passa cada cena te mostra algo a mais e te dá pistas para você tentar desvendar o que de fato está acontecendo. Jordan Peele consegue construir uma narrativa onde exala o clima de tensão, os acontecimentos se sucedem naturalmente e o roteiro consegue manter o clima de tensão e construir o suspense sem quebrar tudo o que já foi construído.