Califórnia, primeiro longa-metragem da ex VJ da MTV Marina Person, celebra juventude brasileira dos anos 80

Hilton De Souza Marques
cinecríticauff
Published in
2 min readOct 9, 2017

Lançado em 2015, o filme ‘Califórnia’ marcou a primeira direção de Marina Person, ex VJ da MTV que ajudou a promover a ascensão do canal UHF nos anos 90 e 2000 e celebrou a juventude brasileira dos anos 80. O filme centra-se na adolescente Estela (Clara Gallo) que sonha a 2 anos em visitar seu tio na Califórnia. Prestes a embarcar, recebe a notícia de que seus planos terão que ser adiados por tempo talvez indeterminado, pois seu tio Carlos (Caio Blat), um jornalista e fotógrafo, está de volta ao Brasil. Desapontada, começamos a acompanhar os dilemas da adolescente, sem excesso de clichês de filmes juvenis, seus flertes, as festas com adolescentes bêbados e figurinos um pouco exagerados condizentes com a década.

Em meio a esses conflitos, Teca (apelido de Estela) começa a conhecer o misterioso J.M (Caio Horowitz), aluno novo que chega transferido de uma outra escola. Rumores criativos sobre sua passagem por diversas outras instituições são espalhadas pelos colegas, o que faz com que Teca fique ainda mais interessada, enquanto administra seu flerte com Xande, um outro garoto sensação da escola e com aparência de surfista.

O enredo e o roteiro são construídos de uma forma muito singela e por vezes simples (no melhor sentido da expressão), sem entregar a história como um todo nos diálogos ou de uma só vez nos primeiros minutos do filme apenas para prender o espectador logo de cara. Conhecemos todos os personagens e seus conflitos aos poucos, como a razão que leva ao tio de Teca voltar dos Estados Unidos para morar com a irmã novamente, até mesmo o misterioso J.M. As reviravoltas e as revelações vão sendo acompanhadas, sem maiores truques ou cenas muito dramáticas, com muito cuidado e delicadeza.

O filme é cheio de jovens atores em suas primeiras participações, e tiveram, logo de início uma boa direção de Marina, preocupada em retratar os dilemas da juventude de sua época. Abordados de forma sensata, aids, sexo na adolescência, perspectivas profissionais são alguns dos temas escolhidos por Marina (que também assina o roteiro do longa) para retratar a juventude dos anos 80, tudo isso acompanhado de uma boa fotografia e uma trilha sonora incrível. Bowie, The Cure, Metrô não poderia faltar no filme de uma ex VJ da MTV. Segundo a própria Marina, talvez este seja o principal traço autobiográfico do longa.

--

--