Capitão Fantástico — Um road movie e sua crítica à sociedade contemporânea

Larissa Galha
cinecríticauff
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2 min readOct 16, 2017

O novo filme do diretor Matt Ross, muito aclamado no Festival de Cannes e até premiado -melhor direção segundo o júri-, foi a aposta dos filmes independentes de 2016, dentre tantos blockbusters então lançados.

O longa, que traz Viggo Mortensen em uma brilhante e dramática atuação, é o pai de 6 crianças que moram no meio de uma floresta longe do contato da civilização. Ao contrário do que se pode pensar, os filhos não são bárbaros, são educados em casa (tendo a filosofia de vida seguindo Noam Chomsky), caçam o próprio alimento, tem um rotina de exercícios físicos, tocam diversos instrumentos e falam mais de seis línguas. A trama se desenvolve a partir do momento em que uma tragédia acontece e a família é obrigada a ir para a cidade e reencontrar os familiares. A partir desse acontecimento o longa se torna um road movie à la Na Natureza Selvagem com uma pitada de excentricidade de Pequena Miss Sunshine.

A crítica à sociedade burguesa se dá no reencontro da família com o avô, um milionário interpretado por Frank Langella, que a todo momento critica o estilo de vida que a filha e o genro escolheram para os netos e em alguns momentos chega a dizer sobre abuso infantil. Além do avô, o embate também ocorre durante o encontro com os primos, os quais são o retrato caricato da sociedade contemporânea.Viciados em smartphones e sem algum conhecimento sobre a história contemporânea. A crítica não é direcionada à escolha de vida dos outros personagens e sim a sua visão limitada do mundo ao qual faz com que sejam muitas vezes intolerantes com o diferente.

A trama é leve, suave e te faz questionar o seu estilo de vida. O diretor consegue realizar um longa sensível, que toca o espectador com a intensidade e a união da família. Há um balanço entre a comédia e o drama, e a sensorialidade é aguçada com uma trilha sonora impecável. Quando a versão acústica de Sweet Child O’Mine cantada pela família encerra a trama, o primeiro pensamento que vem a mente é “todo mundo deveria assistir esse filme e questionar tantos valores que levamos como fundamentais” (mas que talvez nem sejam tanto assim).

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