CURFEW

Larissa Galha
cinecríticauff
Published in
2 min readNov 21, 2017

O que fazer quando sua irmã te liga enquanto você está no meio de uma tentativa de suicídio? É assim que começa a trama do curta metragem Curfew, ganhador do Oscar de 2012. Em uma banheira ensanguentada encontra-se Richie, um homem desesperançoso com o mundo e com suas relações interpessoais, recebe a ligação de sua irmã (que há tempos não se falam) pedindo para ficar algumas horas (até o toque de recolher das crianças) com a sua sobrinha, Sophia. Se vendo naquela situação de solidão, Richie aceita o pedido e logo já se arruma para buscar a sobrinha. O curta se passa durante a noite, o que remete ao espectador uma questão particular de solidão, a trilha sonora acompanha a beleza da fotografia, enquadrada perfeitamente no plano.

Sophia, uma garota sagaz e perspicaz se vê desinteressada no tio, enquanto o mesmo faz várias perguntas para conhecer melhor a menina. É possível fazer uma relação entre a solidão do tio e o desinteresse da menina, como a relação em que as pessoas lidam a depressão nos dias atuais, com distanciamento. É somente após Richie leva-lá a um lugar hostil, onde posteriormente ele revela ser sua antiga casa, que Sophia passa a se interessar mais pelo tio. A partir desse momento os diálogos são recíprocos e o interesse da sobrinha faz com que Richie sinta, por um momento, que é interessante.

As cenas são de tamanha delicadeza mesmo com um assunto denso, como o suicídio. E o diretor (que também interpreta Richie) consegue emocionar a quem assiste, independente da idade. E conecta o espectador a um assunto muito ignorado, a depressão. Assim como a música tema Sophie, so far, Richie segura sua respiração e tenta novamente seguir um dia após o outro. Os 19 minutos passam voando e quando chega ao fim você fica com um gostinho de quero mais e entende o porquê de tantas premiações.

PS: O diretor acabou produzindo um filme dois anos após com a continuação da história.

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