Five Foot Two: a empolgante e frágil Lady Gaga

Caio Leão
cinecríticauff
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4 min readOct 2, 2017

Conhecida por sua excentricidade, Lady Gaga ganha novas cores no documentário biográfico Five Foot Two. O documentário original da Netflix foi lançado em 22 de Setembro de 2017 e acompanha a estrela da música na criação para o seu álbum “Joanne” (2016), sua luta contra problemas de saúde e seus preparativos para o grandioso show de intervalo do “Super Bowl”.

A estrela que cresceu no cenário da música pop em 2009 e veio enchendo o mundo de hits, mega turnês e um senso extravagante na moda mostra agora não só a glamourosa vida de uma cantora bem sucedida, mas também as infelicidades e inseguranças que a rondam constantemente. Em Five Foot Two a cantora mostra um lado jamais visto pela mídia, em que entre dores no corpo e a solidão, a estrela procura arranjar forças para fazer o que ama e amadurecer como mulher na indústria.

Atuando nas gravações de “American Horror Story”, compondo novas canções ou simplesmente vivendo uma rotina em sua mansão de Malibu, Gaga mostra ser atravessada 24h não apenas por seus numerosos projetos, mas também por uma saúde frágil e que a desgasta dia após dia. Como por ela mesma ressalta, os dramas de saúde teriam começado com a quebra de seu quadril em 2012 durante uma turnê, deixando consequências em seu corpo até os dias de hoje.

O grande drama no documentário recai sobre sua saúde, mais especificamente quanto a fibromialgia, uma doença que ocorre nos tecidos fibroso e muscular de diferentes partes do corpo de origem desconhecida. Dona de uma personalidade forte, Gaga se vê rendida pelas dores e preocupações com seu próprio futuro — seja ele como performer ou nas simplicidades da vida, como a possibilidade de se tornar mãe um dia. Acompanhá-la em seus momentos de fraquezas e instabilidades emocionais tira dela a imagem da artista rebelde construída pela mídia e a humaniza de uma forma jamais vista pelo grande público. A fragilidade e dor transmitida são tantas que a artista se envergonhada pela forma como seu corpo e mente se comportam a cada crise de espasmos e tensões que sente.

Em 2016 a artista lançou seu último álbum de estúdio intitulado “Joanne”, trabalho fruto de muitas cabeças envolvidas e de uma dedicação dada entre seus variados projetos paralelos. Segundo a mesma, o conceito principal deste novo álbum viria de sua tia Joanne, falecida ainda nova devido a problemas de saúde. Numa tentativa de transformar seu novo trabalho e os sentimentos depositados nele verossímeis para o público e mídia, Gaga entra em choque com seu passado, dando a entender que suas performances ou personas em eras passadas não levassem a verdadeira artista que ela quer transmitir ser agora. Sobre este aspecto também é interessante ressaltar o que a artista chama de ser seu trabalho mais “íntimo” de toda a carreira: “Joanne” retrata muito mais uma história familiar partilhada com ela do que um projeto que mostre intimamente ao público quem realmente ela seja.

De uma forte Gaga passamos por uma estrela solitária e insegura pelo término de seu noivado, visivelmente fragilizada por sua saúde e entusiasmada com seu grande dia no show de intervalo do Super Bowl. Neste documentário temos um encontro com Lady Gaga e Stefani Germanotta (nome de batismo da cantora), extremos cada vez menos distantes dentro e fora dos palcos. O filme pode não transformar você em um(a) “little monster” assim que acabar as suas uma hora e trinta e nove minutos de duração, mas com toda certeza trará uma nova perspectiva sobre a controversa artista do mundo pop e deixa no ar uma curiosidade para sabermos quais serão os próximos passos da carreira da cantora.

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Caio Leão
cinecríticauff

Apaixonado por cultura pop, arte e entretenimento.