"Holding the Man": uma história de amor realmente para todos

GABRIEL DIKS
cinecríticauff
Published in
2 min readNov 13, 2017

Já dizia o cartaz do filme de Neil Armfiel: "a love story for everyone" (uma história de amor para todos). Quando lançado, em 2015, o filme causou grande comoção ao contar a história de Timothy Conigray (Ryan Corr) e John Caleo (Craig Stott), um casal que se conheceu, e começou a namorar durante o ensino médio, na Austrália dos anos 70. Ao contrário do que muitos desejariam, o filme não é uma ficção. É uma adaptação do livro autobiográfico de Tim, "Holding the Man".

Eu vou procurar não dar grandes spoilers, pois em qualquer grande portal cinéfilo que a gente procure, um grande detalhe do filme não é revelado (nem mesmo na "sinopse" da Netflix) que é justamente para o telespectador ser pego pela surpresa, assim como eu fui. Acredito que a experiência cinematográfica se concretiza assim. Tirando, claro, aqueles que já conhecem a história de Tim Conigray, ou que já leram seu livro, "Holding the Man", antes de assistirem o filme. Para eles, foi uma experiência um pouco diferente, mas não menos emocionante. Não é a toa que o filme recebeu indicações a vários prêmios.

O filme começa com Tim Conigray, correndo, desesperado, ligando para sua amiga, querendo saber onde seu namorado estava sentado, e nós só vamos entender esta cena no final do filme. Na cena seguinte, ele recebe uma carta, e nós também só vamos saber o conteúdo desta carta no final do filme. O filme é muito bem montado, prendendo nossa atenção do início ao fim.

O filme também é cuidadoso, e sabe viajar por muitas temáticas complicadas de forma amena, e sem preconceitos e esteriótipos. A história, começa na Austrália dos anos 70, e lida com a autodescoberta de John, o preconceito e o relacionamento familiar, tanto de John, como de Tim. Diversos conflitos no relacionamento, incluindo traição e término. O filme inclui cenas de sexo, que são muito bem expressivas e naturais, com destaque para a última cena de sexo entre Tim e John, que é tocante.

O público LGBT vai se identificar com diversos momentos do filme, como quando a família de John se refere a Tim como "o amigo de John", mesmo após os dois namorarem por 15 anos. E o público heterossexual será levado a entender diversas questões do universo LGBT. Por isso, o cartaz do filme diz que esta é "uma história de amor para todos". O filme é uma viagem e uma oportunidade para o público ser levado a uma história de amor que resiste ao preconceito e às mais diversas crises. É um amor que resiste a tudo que vocês possam imaginar. O amor é para todos, e creio eu ser esta a principal mensagem do filme.

Assistam o filme, e entendam do que eu estou falando. Está disponível na Netflix.

--

--