Mesmo Se Nada Der Certo (Begin Again)

Domenique Rangel
cinecríticauff
Published in
3 min readSep 28, 2017

Uma comédia romântica fora da curva

Sendo considerado um dos filmes Indie mais rentáveis de 2014, “Mesmo se nada der certo ( Begin Again)” rompe com alguns padrões estabelecidos em comédias românticas e investe na música como o ponto alto de toda a história. Do diretor Jonh Carney, que já havia feito algo semelhante no aclamado filme “Apenas uma vez”, nesse, ele também segue o mesmo caminho. Ambientado em Nova York, o filme faz uma crítica a indústria musical e a homogeneização dos artistas por um sistema preocupado cada vez mais com o dinheiro e menos com a arte. Dessa forma, o filme mostra uma forma orgânica de se fazer música que se revela através de Gretta (Keira knightley), uma compositora que não tem muita confiança em seu próprio talento, que compõe mais para si mesma, e também mostra o outro lado, vivido por Dave (Adam Levine), namorado de Gretta, que após ser reconhecido, ganha fama, sucesso e rapidamente se vê tragado por aquele mundo, no qual a música perde sua autenticidade e é feita simplesmente para vender.

Nesse filme, Gretta (Knightley) é uma jovem brilhante compositora que acompanha seu namorado até Nova York quando ele é descoberto por sua música ter feito sucesso em um filme. Entretanto, Gretta descobre que Dave a traiu em uma viagem para Los Angeles e ela o perde para a mesma fama que os trouxeram até ali. Outro personagem importante, Dan (Mark Ruffalo) é um produtor musical em decadência, repleto de problemas pessoais e profissionais, tais como a relação afastada e conturbada com a filha e a perda do seu emprego. É nesse ponto que Dan e Gretta se encontram e por ser a primeira cena do filme, não sabemos quem eles são ou o que aconteceu, é dessa forma que acontece uma das cenas mais legais do filme. Primeiro, vemos a cena de Gretta no palco tocando sua música para uma plateia pouco entusiasmada sob a ótica do público, logo depois estamos do ponto de vista de Gretta olhando a cena. Com Dan, somos levados ao interior da sua mente e vemos a música ganhar novos sons e instrumentos, além do violão de Gretta. Assim, é a partir dessa cena e a cada visão dela, que somos levados para o que fez com que aqueles personagens chegassem naquele momento, guiado pelo acaso, que mudaria suas vidas.

Outro ponto que chama atenção no filme, é o fato da música aparecer muitas vezes como um personagem da história. Na cena anteriormente analisada, isso acontece quando através de um efeito visual, os instrumentos musicais tomam vida diante dos olhos de Dan. Além dessa cena, quando Gretta e Dan resolvem gravar o álbum todo na rua com a ajuda de músicos independentes, utilizando a cidade como estúdio, o mesmo ocorre, pois os sons da metrópole se mesclam aos sons dos instrumentos, assim como também, ao da voz de Gretta, vivida por Keira Knightley.

Talvez, o grande trunfo de “Mesmo se nada der certo” seja apresentar uma história em que fuja do clichê de que tenha que se ficar rico ou famoso ao final do filme, ou a obrigatoriedade de ter que terminar o filme com alguém. Apesar de durante o longa, o telespectador ser levado a pensar que Gretta possa ficar com Dan, eles não ficam juntos, e muito menos, ela volta com Dave, seu ex-namorado. O realismo do filme é apresentar a música e a vida de um ângulo pautado na satisfação da pessoa que o vive e não em uma meta relacionada a isso que deva ser cumprida, e é isso uma das razões para o filme cativar tanto, além de suas músicas com letras de fácil identificação, a qualidade de cada melodia ganha espaço e dá ao filme um charme a mais.

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