CRÍTICA: Mulan (1998)

Ranner Barbosa
cinecríticauff
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3 min readJan 8, 2018

Mulan é um filme que está no hall de animações clássicas da Disney. O filme é baseado em uma lenda chinesa de aproximadente 2000 anos. Na adaptação em forma de animação feita pela Disney, somos apresentados a Mulan, uma jovem que, logo nas primeiras cenas, nos mostra algo que irá perdurar durante o filme: a questão da feminilidade forçada na mulher e o quanto Mulan não consegue a se adequar a ela. Mesmo adversa as tradições e costumes que forçam que a mulher chinesa trabalhe e exale essa mesma feminilidade, Mulan ama sua família, e por isso acaba cedendo às pressões impostas as mulheres em razão das tradições da época, aceitando por exemplo ser avaliada por uma Casamenteira para, caso “aprovada”, seja oferecida a um pretendente. Mulan falha vergonhosamente em sua avaliação, o que significa que ela desonrou sua família. Seu pai, no entanto, se mostra compreensivo com o fracasso da filha na missão de “honrar” a família, mostrando assim o grande laço de amor entre os dois.

Em outro lugar da China, o vilão Shan-Yu, líder dos Hunos, planeja um ataque ao imperador pois se vê ofendido com a construção da Grande Muralha. Para deter o ataque, o Imperador convoca os homens das famílias para lutarem em uma missão contra o vilão. Ao ver seu pai ser chamado para enfrentar o Shan-Yu e seu exército, Mulan, que sabe o quanto a saúde física dele está debilitada, se decide que irá no lugar dele. Então a noite, enquanto o pai dorme, Mulan, que agora se veste e se passa como um homem para poder substituir o pai, vai em direção ao acampamento onde estão os outros soldados para se preparar para a batalha. Ao ver que Mulan vai para uma aventurar perigosa, os espíritos de sua família convocam o simpático dragão Mushu para guia-la nessa aventura caso ela corra perigo.

Como muitas animações da Disney, o filme usa de cenas musicais na sua trama, em uma quantidade relativamente pequena. O mérito então está em usar essas cenas não simplesmente como canções soltas sem contexto no filme, mas como parte do desenvolvimento da história, criando assim um ótimo ritmo para a trama. Um exemplo claro é visto com a canção “I’ll Make a Man Out of You”, que é executada numa sequência em que o Comandante Shang treina o seu exército.

Outro trunfo do filme é a capacidade de conseguir balancear cenas muito pesadas com diversas cenas onde o humor está presente. Enquanto somos levados a ficar tristes quando avistamos uma vila completamente destruída com diversos soldados mortos, há também contrapontos de humor no filme, principalmente onde o personagem Mushu e seu parceiro, o grilo Gri Li, estão presentes, onde somos levados há muitas risadas pelas diversas piadas e brincadeiras que envolvem os dois.

É importante ressaltar também que, embora não levante nenhuma bandeira feminista, a jornada de Mulan, que antes fora uma mulher submissa por questões culturais, se transforma até a mesma virar a heroína do filme, onde acaba sendo respeitada pelos homens, incluído o Imperador, unicamente pela sua força como guerreira. Uma figura dessas, representada numa época onde o machismo era latente e intriseco, faz com que a história se distancie de animações clássicas da Disney ao mostrar a figura da mulher como uma pessoa forte, servindo como uma forma de empoderamento para mulheres e, principalmente as crianças que assistirem ao filme.

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