The Fosters e o recorte sócio-cultural como arco narrativo

Werner Neto
cinecríticauff
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2 min readDec 11, 2017

Sabe quando você está assistindo a uma série ou filme e ele aborda as problemáticas sociais de forma a não satisfazer ou não discutir com profundidade o tema? Esse não é o caso de “The Fosters”, uma série de TV americana de 2013, criada por Peter Paige e Bradley Bredeweg, transmitida pela ABC Family e agora disponibilizada pela Netflix Brasil.

A série conta a história da família Adams-Foster, formada por Lena Adams e Stef Foster como matriarcas; Brandon Foster, único filho de laço sanguíneo de Stef; Jesus e Maria, irmãos gêmeos que foram adotados; Callie e Jude, irmãos de sangue e adotados pela família. A narrativa da série se desenrola a partir daí, entretanto o que chamou atenção do público e da mídia são as problematizações sociais atuais abordadas de forma diferenciada em relação a produções Hollywoodianas que pretendem discutir os mesmos temas.

A partir de um forte posicionamento político e aliados a teoria queer, a série vai contra o padrão heteronormativo logo de início ao trazer um casal lésbico, como matriarcas da família, desconstruindo a noção de família tradicional. Ainda no âmbito familiar, existe uma noção muito forte no quesito de pertencimento a uma família, subverte o conceito de família a partir do sangue e constrói-se uma família proveniente do amor com os filhos adotados.

Em vários momentos, The Fosters aborda temáticas LGBTQ, não se restringe ao casal lésbico protagonista, aborda com profundidade questões como sexualidade infanto-juvenil, com Jude e transgeneros, com Cole e Aaron, propondo sempre situações e discussões importantes no âmbito social. Além da temática LGBTQ muito forte, a série proporciona discussões sobre raça, feminismo e machismo em toda narrativa, é perceptível a forma de abordagem desses temas, sempre no intuito de discutir, mas também de educar o telespectador que assiste.

Ao tratar de temas tão densos, pode-se pensar, aqui equivocadamente, em uma série pesada, com cenas fortes e explícitas, todavia não é o caso de The Foster. As discussões acerca de problemáticas sociais são sim densas, mas levadas de forma natural e leve durante a série.

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