Festival de Cannes 2017: 70 anos da maior vitrine da indústria do cinema.

Cinefilando
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5 min readMay 19, 2017
Susan Sarandon e Elle Fanning subindo o tapete vermelho na abertura do Festival de Cannes 2017.

Começou essa semana a 70ª edição do Festival de Cannes. Conhecido pelo tapete vermelho glamouroso, e pelas fotos icônicas à beira do Mar Mediterrâneo, o festival de cinema mais charmoso da temporada reúne astros, estrelas e diretores de todas as partes do mundo, para uma rodada intensa de trabalho. São 11 dias de cabines e coletivas de imprensa, tudo para apresentar os primeiros filmes da temporada aos críticos e à industria, isso porque paralelamente ao festival, acontece o “mercado de cinema”, onde direitos de obras são vendidos, projetos são expostos, amarrados e encaminhados para a temporada de ouro.

Cannes sem dúvida nenhuma é o sonho da maioria das pessoas que de alguma maneira estão envolvidas com a produção audiovisual, porque ter seu filme figurando no festival, significa antes de mais nada ser visto pelo mundo. As portas que podem ser abertas durante a competição são inimagináveis, e muitas vezes até melhores do que ser laureado(a) com a Palma de Ouro. Isso porque estar em Cannes é ter a possibilidade de fazer contatos, parcerias e expor projetos para as diversas produtoras e distribuidoras do mercado cinematográfico.

Talvez seja por isso que o festival seja um dos mais badalados e prestigiados do mundo do entretenimento. Quem vai à Cannes deve estar preparado para ser envolto na atmosfera frenética das dezenas de celebridades sendo clicadas a todo momento, do burburinhos das premieres, mas principalmente deve estar preparado(a) para a correria entre as cabines! São dezenas de filmes que estão buscando seu lugar ao Sol. A coisa é séria, afinal de contas a carreira de muitos atores, diretores, produtores e desenvolvedores pode deslanchar ou ser revitalizada no festival.

Assim como tem um caráter potencialmente transformador (e diga-se de passagem, um tanto quanto mágico), Cannes também tem um caráter polêmico, e as celebridades levam grande parte de culpa, por isso. Quem nunca viu um vestido que mostra demais, um beijo roubado no tapete vermelho, uma declaração bombástica na coletiva de imprensa de um filme? Isso é Cannes: um festival marcado sempre por fatos — e fotos icônicas, por exibições de cinema catárticas que geram vaias (sim, lá elas são quase que uma marca registrada), outras que geram minutos prolongados de aplausos e urros de êxtase; e por fim, um festival que pode mudar a carreira dos seus participantes (sejam eles realizadores ou jornalistas).

Os atores Will Smith e Jessica Chastain ao lado do presidente do Juri de Cannes 2017, o diretor Pedro Almodovar.

E a 70ª edição de Cannes promete tudo isso! Nesses três dias já corridos de festival, o mundo do cinema já foi sacudido várias vezes! Ontem foi dia da exibição do aguardadíssimo “Sem Fôlego” (Wonderstruck), filme do diretor Todd Haynes (‘Carol’ e ‘Longe do Paraíso’). Grande realizador, Haynes é conhecido por dirigir dramas profundos e também pela delicadeza com que trata os temas espinhosos, e parece que seu trabalho em “Sem Fôlego” não fugiu a regra. Muito aplaudido, o longa estrelado pela veterana Julianne Moore, emocionou os críticos e arrancou fervorosos elogios, principalmente para a atriz mirim Millicent Simmonds. Surda e muda, a pequena já é tratada como a possível revelação desta edição do festival.

Elenco de “Sem Fôlego” (Wonderstruck), na premiere do filme em Cannes.
A atriz revelação Millicent Simmonds.

Mas a polêmica digna do festival, estava reservada para “Okja”. Produzido pela Netflix, o longa do diretor sul-coreano Bong Joon-ho é o primeiro filme da plataforma de streaming a concorrer à Palma de Ouro. E se depender dos organização do evento será o último, isso porque a Netflix resolveu não exibir o filme nas salas de cinema da França. A decisão gerou burburinho e até mesmo a revolta de alguns membros do Juri, como o presidente Pedro Almodovar, que chegou a declarar na cerimonia de abertura que “é um enorme paradoxo premiar um filme que não pode ser visto em uma sala [de cinema]”.

Estava armado o circo! E ele pegou fogo hoje, exatamente durante a primeira exibição do filme, no Grande Teatro Lumière do Palácio de Festivais. A sessão começou com vaias, que inundaram o teatro assim que a logo da Netflix apareceu na tela. Logo após alguns minutos, problemas técnicos forçaram a platéia a rever o filme desde o começo, o que gerou mais reclamações e burburinho. Mas tudo foi silenciado pelo que há de melhor no cinema: uma história bem contata! A platéia se rendeu à Okja, e a sessão terminou com aplausos e muitos elogios.

Jake Gyllenhaal, Tilda Swinton e o diretor Bong Joon-ho, durante a premiere de Okja.

Na coletiva de imprensa do filme, o diretor Bong Joon-ho estava feliz com o resultado da primeira exibição de seu longa, e com a delicadeza e sabedoria de quem entende bem o que significa o Festival de Cannes, fugiu de uma possível briga com o presidente do juri, declarando que “[ele] pode dizer o que quiser. Estou feliz de ter meu filme aqui. Sou um fã de Pedro e que fale bem ou mal (do filme) já me sinto homenageado”.

Isso é Cannes meus amigos! Apertem os cintos poque estamos só no começo! O festival vai até o dia 28 de maio, e promete muitas reviravoltas e grandes apontamentos para a temporada dourada 2017/2018. Fiquem ligados em nossas publicações por aqui, e em nossas redes sociais, porque teremos boletins sobre o festival e muitas galeria de fotos. Até a próxima.

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