Precisamos falar sobre a KSB (Koala San Brew)

Douglas DME
Cinema e Cerveja
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3 min readApr 7, 2017

O estado de MG há algum tempo é reconhecido como celeiro de diversas cervejarias de destaque, com premiações nacionais e internacionais. É muito bom ver o investimento em técnicas, viagens internacionais e troca de experiências resultar em produtos de boa consistência como os da Koala San Brew (nome em referência ao cervejeiro quando morou na Austrália) localizada em Nova Lima.

No meio cervejeiro uma das discussões são as melhores formas de execução a partir de “parâmetros não-oficiais” para elaborar cervejas com características das conhecidas como “New England”, mas não é o momento de entrar nesse âmbito (quem sabe posteriormente) e sim observar características gerais dessa cervejaria, que tem conseguido boa manipulação no uso de lúpulos, entregando amargores mais brandos e assertivos em seus diversos estilos que produz (em seu portfólio constam cervejas com adição de café — a Bad Motorfinger tem versão produzida nos EUA passando por maturação em barril de bourbon - até outros destaques em latas.

8,5 % abv e 85 IBU em uma textura muito bem feita

Livin’ The Dream é minha preferida das aqui apresentadas e tem uma das mais agradáveis artes de rótulos. O aroma entregou características interessantes que foram frutas tropicais que possuem certa acidez, de morangos frescos a kiwi em primeira camada e seguiu para damasco e pêssego em calda. A textura trouxe a esperada suculência e maciez, permitindo aos 85 IBU destaque de forma rápida e certeira, com o corpo alto envolvendo os 8,5% abv, finalizado em um retrogosto de boa transição entre dulçor e amargor. Breja muito bacana e que conseguiu apresentar notas de fermento no aroma e sabor sem exagero, ajudando a abrir o leque de potência de IBU para os que ainda não são adeptos de cervejas mais lupuladas.

Cerveja também é marketing e que ótima idéia esse rótulo da Double Feature, que iluminado no escuro fica impossível não pensar nessa lata numa rave haha O visual entregou uma linha que preza pela turbidez, sem transposição de luz. Ao nariz mix de frutas cítricas, com referências a drinks (pina colada, suco de manga), deixando evidente que ontap essa intensidade deve chegar num ponto ainda mais agradável. Os 7,9% e 75 IBU tiveram boa inserção (em lata o álcool rapidamente aparece mas logo fica harmonioso), em um corpo médio com destaque para a textura que beirou maciez e cremosidade evidenciada nos drinks do aroma, com as notas de frutas doces sendo balanceadas pelo médio-alto e necessário amargor, conjunto bem bacana.

No site da cervejaria tem interessante sequência da lata
Os 130 IBU (calculados) e 10,1% chamam atenção pelos números expressivos

A California Crossing chamou muita atenção por seus números: 10,1% abv e 130 IBU (calculados)! O desafio em transformar dados expressivos teve bastante êxito, haja vista que aroma entregou de maracujá a limão, de laranja a manga, com sutis notas de panificação e o mais incrível que foi não ter álcool com destaque ao nariz. O corpo médio-alto conseguiu formar bom conjunto com a textura intensa, mas equilibrada, entregando crescente e alto amargor (de igual duração), sem causar aspereza no retrogosto por conta do harmonia do sabor com o percentual alcoólico.

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Douglas DME
Cinema e Cerveja

Beer Sommelier Senac/Doemens Akademie e ICB/ABS/ASI. Tecnologia Cervejeira Avançada Vassouras-RJ. Prof. Consultor Senac. instagram.com/douglas.dme