Venom — Oportunidade desperdiçada

Vilão do Homem-Aranha protagoniza filme esquecível

Milton Ramos Guimaraes
Cinema e Cerveja
3 min readOct 4, 2018

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Título Original: Venom
Direção:
Ruben Fleischer
Roteiro: Scott Rosenberg, Jeff Pinkner, Kelly Marcel, Will Beall
Elenco: Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed
País: Estados Unidos
Duração: 112 min
Estreia: 04/10/2018

A galeria de vilões do Homem-Aranha é tão rica quanto a de um dos principais heróis da editora concorrente, o Batman. Ambos possuem um histórico de arcos queridos pelos fãs e se destacam na Marvel e na DC, respectivamente. Grande parte disso, se formos analisar as histórias mais elogiadas pelos leitores, é graças aos excelentes antagonistas que desafiam as habilidades dos personagens. A complexidade dos embates e a peculiaridade das figuras vilanescas, muitas vezes, conseguem ser mais interessantes do que os próprios protagonistas.

A Sony, depois de ter “emprestado” o aranha para o Universo Cinematográfico Marvel, decidiu criar sua própria linha de filmes compartilhados com os diversos vilões do cabeça de teia. O primeiro passo dessa empreitada é o longa “Venom”, de Ruben Fleischer. A ideia de pegar um vilão do teioso (que tem em sua origem uma participação crucial do mesmo) e não usá-lo na narrativa pareceu errado desde o início. Surgiram boatos de que essa nova versão do aranha, interpretada por Tom Holland, estaria no filme mas, durante a projeção, ele não é mencionado, assim como o universo da Marvel com o seus Vingadores.

Mas então, o filme funciona? A resposta para essa pergunta é sim e não. O personagem Venom está muito bem representado. Tom Hardy realmente entra no papel e entrega além do que o fraco roteiro pede. Mas, infelizmente, todo o resto não funciona, o que resulta em um filme sem história, cansativo e repleto dos mais diversos clichês encontrados em obras do mesmo gênero há uns 14 anos, antes do verdadeiro amadurecimento dos heróis nas telas grandes.

Eddie Brock (Tom Hardy) é um conhecido jornalista que investiga uma misteriosa empresa e suas ações. Existe a suspeita de que a mesma utilaza cobaias humanas para diversos testes científicos perigosos. No meio das investigações, Eddie entra em contato com um misterioso ser alienígena, se tornando e brutamontes Venom.

A montagem é confusa e o roteiro cheio de furos e situações convenientes. A equipe parece confusa sobre o tom da história. Na primeira parte estamos assistindo a um suspense que, rapidamente, vira uma comédia e tem no seu ápice a clássica batalha do bem contra o mal, cheia de efeitos especiais datados e com uma direção que não nos permite entender a bagunça entre um soco e outro dos simbiontes.

Por incrível que pareça, fugindo totalmente da proposta de ser um filme mais violento e amedrontador, as cenas de comédia são o grande trunfo da produção. Os momentos arrancam risadas sinceras e trabalham bem a relação de Eddie com Venom. Aliás, a relação dos dois é cativante e deixa aquela vontade de acompanha-los novamente em uma sequência.

“Venom” poderia ter sido um trabalho diferenciado em meio a tantos filmes de super-heróis, mas não consegue sair da mediocridade. O aspecto ultrapassado das cenas e da história impedem que todo aquele contexto seja algo diferente dentro do gênero. Tom Hardy entrega uma boa atuação, como é de se esperar do ator, mas não existe nada além disso. Fica a torcida para uma continuação melhor trabalhada e com um roteiro mais interessante. Desperdiçar o Venom do ator seria uma atitude desnecessária, existe qualidade em meio a bagunça do corte final.

P.S. A primeira cena pós-créditos apresenta um personagem querido dos fãs interpretado por um excelente ator. A segunda é um clipe empolgante da animação “Homem-Aranha no Aranhaverso”, que chega no final do ano. Não levantem das cadeiras!

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