Crítica | La La Land — Cantando Estações

Com várias indicações no Oscar 2017, filme diverte até quem não gosta de musicais

Felipe Storino
Cinema & Outras Drogas
3 min readFeb 22, 2017

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Um gênero cinematográfico que eu nunca gostei é o dos musicais. Sempre me pareceu meio besta o fato de qualquer coisa ser motivo para cantoria, motivo pelo qual nunca consigo me envolver totalmente com a história e o universo desse tipo de filme. A cada vez que um personagem começa a cantar eu sou arremessado de volta à realidade. Isso dito, até que achei La La Land — Cantando Estações um filme legalzinho. Claro que só passei a achar isso depois dos primeiros 30 minutos de exibição, que é onde está concentrada a maior parte das danças a troco de nada. Depois disso até que o filme dá uma engrenada, mas nunca deixa de ser nada além de um filme bonitinho. Sinceramente, ainda não consigo entender sua indicação (e provável vitória) ao Oscar de melhor filme.

Tirando a parte musical (que eu realmente não entendo nada), La La Land conta um romance bobinho entre uma aspirante a atriz chamada Mia (Emma Stone) e um fã de jazz (Sebastian, interpretado por Ryan Gosling) que acredita poder salvar este gênero musical. Para mim, que não gosto de musicais, Sebastian acaba ajudando muito o filme. Sua paixão pela música e o talento para tocar piano fazem com que muitas sequências musicais fiquem muito bem encaixadas na história, mantendo o espectador dentro daquele mundinho. Sem contar que jazz geralmente é bem divertido de se escutar. E chega até a ser emocionante quando Sebastian e Mia cantam juntos “City of Stars”, música principal do filme. Quanto a atuação dos dois protagonistas, parabéns pra eles por cantar, dançar e, no caso do Ryan Gosling, tocar piano, mas indicar os dois ao Oscar foi um pouco demais. Ambos são bons atores e estão bem em seus papéis, mas nada que justifique as indicações em várias premiações.

Apesar de possuir uma história bobinha e muitas vezes previsível, o diretor e roteirista Damien Chazelle escolhe contar ela de uma forma até interessante. Dividindo a narrativa entre as estações do ano, é possível notar como o comportamento dos personagens e suas conquistas (ou derrotas) combinam com a estação na qual estão. Se no começo eles estão na pior, sem conseguir alcançar seus objetivos, faz todo sentido que estas sequências se passem no inverno. Desta forma, não é surpresa que, logo após começarem a namorar, o filme pule para o capítulo da primavera, já que esta é uma época de recomeços. Enquanto isso, o sol de verão brilhando no céu é a melhor época para grandes realizações, sejam elas pessoais ou profissionais. E quando o filme precisa colocar obstáculos na vida do casal, é óbvio que isso acontece no outono, já que a própria palavra em inglês, fall, também significa queda.

Tendo total domínio sobre a importância das estações do ano em sua história, é interessante a estação escolhida por Damien Chazelle para encerrar seu filme, mantendo toda a lógica que foi apresentada até ali. Ele ainda é eficiente ao mostrar tudo o que Mia e Sebastian significam um para o outro, através de uma bela e emocionante sequência que revive alguns dos principais momentos do casal observados sob outro ponto de vista. La La Land — Cantando Estações é basicamente um filme sobre correr atrás dos seus sonhos e como, muitas vezes, é preciso abrir mão de certas coisas para conseguir realizá-los. Assim, é tocante o olhar de cumplicidade que os protagonistas trocam no clímax do filme. Um simples olhar que deixa claro que ambos aceitam as consequências de suas escolhas e que entendem muito bem o preço que pagaram para que seus sonhos se realizassem.

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Felipe Storino
Cinema & Outras Drogas

Redator de cinema, gibis e games na Mob Ground. Quando não está jogando, está assistindo filmes, séries ou lendo gibizinhos.