Jonestown — A vida e a morte no Templo do Povo (2006)

Eder Alex
Cinema Por Escrito
Published in
2 min readApr 15, 2018

Nota: ☆☆☆☆

Este documentário conta a história de Jim Jones, o pastor que criou uma seita cristã e levou quase mil pessoas, entre elas crianças e idosos, a cometerem suicídio coletivo (o maior de todos os tempos) em 1978, na Guiana.

É bem curioso como no início Jim Jones foi conquistando devotos a partir de um discurso de respeito aos negros, abrindo sua igreja a todos, algo que não era bem visto pelos conservadores americanos em tempos de luta pelos direitos civis.

Sempre com seus óculos escuros, mesmo dentro da igreja, Jones discursava falando aquilo que as pessoas queria ouvir, ao passo em que ia fazendo o de sempre: ludibriar e coagir pessoas ignorantes ou que enfrentavam dificuldades emocionais a doar tudo o que tinham e prol da comunidade.

O discurso pseudo socialista se mistura de maneira bizarra à fé cega e aos poucos Jim Jones se torna o próprio Deus na Terra para aquelas pessoas. Não havia promessas de vida eterna, havia apenas a obrigatoriedade de criarem o paraíso eles mesmos.

A imprensa conseguiu falar com alguns integrantes da comunidade e descobriram diversos casos de estupro, agressões e aquele velho teatrinho de fingir curar pessoas. Percebendo que a casa estava caindo, Jim Jones resolve se mudar e levar os seus fieis para a Guiana, onde eles construiriam a sua própria comunidade agrícola do zero. Obviamente isso chama a atenção de todo o mundo e, conforme a pressão aumentou, tudo terminou de forma trágica, já que Jim Jones poderia perder qualquer coisa, inclusive a sua vida, mas não o poder que tinha sobre as pessoas.

O filme também mostrar em detalhes como foram as 48h que antecederam o suicídio coletivo, quando uma equipe de imprensa e um congressista estavam lá para investigar o que estava acontecendo, então obviamente as imagens são bem perturbadoras.

Além da tragédia em si, o que incomoda nesse documentário é perceber o comportamento inescrupuloso de um líder carismático e a forma como ele se aproveita de pessoas tão suscetíveis. Este é um caso religioso, mas é impossível não pensar em algo muito semelhante acontecendo com a figura de um político no palanque.

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