Game of Thrones | 4ª temporada mantém o ritmo e termina eletrizante

Enquanto homens morrem, as mulheres movimentam o jogo pelo trono

Ivan Monteiro
Cinema & TV

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Depois de três temporadas instáveis, repletas de bons momentos, porém com outros um tanto confusos e arrastados, a série da HBO, Game Of Thrones, fez uma temporada, no mínimo, excelente. Foram tantos momentos marcantes e tramas que não só aceleraram, mas também se encerraram com desfechos que vão gerar desdobramentos, que a série finalmente se tornou imperdível não só pelo visual caprichado. A luta pelo Trono de Ferro nunca esteve tão emocionante.

Foi a única temporada, até então, que causou comoção durante toda sua exibição. Primeiro o grande impulso: a morte do psicopata Rei Joffrey Lannister (Jack Gleeson). Destacar a qualidade da direção de arte, das atuações e do roteiro que souberam criar e manter o suspense — é meio que falar o banal. Nenhuma série ou novela faz casamentos emocionantes como Game of Thrones. O impulso foi essencial para segurar a emoção ainda pelos episódios que vieram a seguir.

O arco da morte do rei se estendeu por meio da acusação de Cersei (Lena Headey) da morte do filho contra Tyrion (Peter Dinklage), seu irmão. Que os Lannisters não precisavam de guerras para ver o próprio poder ruir, estava bem óbvio. Por mais que imprevisível seja a cabeça do autor dos livros, George R. R. Martin, aquela família ia implodir tamanha sua dissimulação — ainda mais que tudo é fruto de uma mentira. O destaque do arco foi a participação de Oberyn Martell (Pedro Pascal), que na sua sede por vingança, acabou virando mais uma morte para a história. No final, Tyrion “morto” (como se resumiu em suas próprias palavras) fez sua vingança contra sua amante e seu próprio pai. Outros momentos de impacto se devem ao estupro Cersei pelo irmão e amante Jaime (Nikolaj Coster), a redenção dela por ele no episódio final e o julgamento de Tyrion.

A segunda principal história relatada foi, sem dúvidas, na muralha. Jon Snow (Kit Harignton) se viu traído pela namorada Ygritte (Rose Leslie) que vive “pra-lá-da muralha” e os patrulheiros precisaram entrar em guerra contra o povo bárbaro. Foi um episódio inteiro mostrando a batalha repleta de efeitos especiais de ponta, além de muita ação. Finalmente, depois de três temporadas, entende-se a importância daquela patrulha que não seja falando sobre as regras, celibato e treinamento. No final, Lorde Stannis Baratheon (Stephen Dillane) e sua fiel conselheira Melisandre (Carice van Houten), surgem no local (depois de pouco destaque) para buscar o trono que tanto almejam.

Arya Stark (Maisie Williams), após quase ter se encontrado com a mãe e o irmão na temporada anterior, tentou a sorte com a tia Lysa (Kate Dickie). A lunática mulher morreu nas mãos de Lorde Petyr Baelish (Aidan Gillen) que pôs de vez Sansa Stark (Sophie Turner) no jogo (infelizmente as irmãs também não se encontraram). Seu caminho então cruzou com Brionne (Gwendoline Christie), mas a jovem não entendeu o percusso contraditório da guerreira. E mais uma luta marcante: o Cão de Caça (Rory McCann) contra a guerreira de Tarth. Arya, apesar de tudo, embarcou para buscar a si mesma, entretanto, mostrou que nunca deixará de ser uma Stark.

Por último, mas não menos importante, Daenerys (Emilia Clarke) se proclamou a Rainha da justiça, arranjou um sexy amante miliciano, mas ainda assim percebeu que a coroa é pesada. Perdeu o amigo e conselheiro Sor Jorah (Iain Glen) e precisou governar, de fato. Enquanto seus filhos dragões ainda precisam crescer, ela precisa domá-los ou perderá o controle. Talvez esse seja o núcleo que menos andou, mas é o que mais parece guardar grandes emoções futuras.

Game of Thrones finalmente se defendeu como uma ótima série e aos poucos tem saído das sombras dos livros. Ela cresceu, desenvolveu personagens e relações e ainda ficou ainda mais caprichada visualmente. Agora os personagens não parecem andar sem rumo e vários núcleos justificaram sua existência. Mesmo que denotando o sexismo de uma época medieval de forma por vezes brutal, foi uma temporada que mostrou as mulheres ainda mais imponentes e como peças fundamentais para a busca pelo poder e sobrevivência. Além disso, a série tem cada vez ganho contornos mais épicos e abraçando de vez a fantasia (como na trama de Bran Stark (Isaac Hempstead-Wright)— algo que a deixa cada vez mais imprevisível. Imperdível ela já era, agora também está excelente.

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