TV aberta devia segmentar sua programação com a chegada da TV Digital

Wanderson de Souza
3 min readJul 28, 2015

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Hoje em dia é fato que a TV aberta está atirando em todas as direções.
Programas de fofocas, programas de “barracos”, programas femininos, esportivos que na verdade são “futebolísticos”, jornalísticos e deixando tantos outros de lado, como os infantis… Todos aglomerados em uma bagunça sem fim.
A TV aberta vem perdendo audiência nos últimos anos e, para tentar resgata-los, inventam coisas mirabolantes ou correm para o caminho de “ibope instantâneo” com sensacionalismos, assistencialismos e corpos de fora, com sexo e tudo. Infelizmente conta-se nos dedos da mão de um certo ex-presidente quantos programas são de um mínimo de qualidade. Mas isso é desnecessário agora (sempre foi, na verdade) com a chegada da TV Digital, que permite um mesmo canal enviar até 4 “emissoras” diferentes numa mesma frequência.

Quer um exemplo?

A Fundação Padre Anchieta, que para quem não sabe é a controladora da TV Cultura, tem mais 2 canais na frequência digital que ela trabalha.
Atualmente, ela está na frequência “6.1” da TV aberta de São Paulo (até 12 de maio era 2.1), sendo que a UNIVESP está na frequência 6.2 e a MULTICULTURA na 6.3.
Embora a UNIVESP seja uma emissora voltada para aulas universitárias, e a MULTICULTURA para educação em geral, isso demonstra que é uma excelente maneira e oportunidade da TV aberta segmentar sua programação aos moldes da TV por assinatura.

Vamos pegar o SBT como referência, sendo uma das poucas emissoras com qualidade.

A emissora atualmente está se dando muito bem com infantis e novelas, mas já não tem mais espaço na programação, nem para um e nem para outro. Infelizmente, nem para mais nada. O jornalismo tem EXCELENTES profissionais, mas muitos ficam semanas sem aparecer no ar. Ela quer ter mais projetos em outras áreas, mas não consegue, não somente por questões financeiras, mas por falta de espaço (físico e de programação). Como resolver isso?

Criando novos “SBTs”.

A emissora de Sílvio Santos, e as demais, deviam se aproveitar da TV Digital e desmembrar as emissoras atuais, realocar produtos em diferentes frequências e voltar cada uma para um público, daí o verbo “segmentar”, e poder trabalhar com vários produtos similares sem se preocupar com o produto anterior e posterior.
O SBT poderia criar um “SBT Kids”, “SBT Séries & Novelas” e “SBT News”, transformando a emissora principal em algo para realities e programas de auditório, quem sabe, com a alcunha de “SBT Shows” e com isso, o SBT poderia trabalhar com todos os segmentos que ela é boa, tendo em vista a grata surpresa das novelas infantis e programa The Noite sendo uns grandes sucessos.
Isso permitiria a emissora fechar mais contratos de todos os tipos imagináveis e criar mais produtos, maravilhar seu público e trazer mais anunciantes. Não sei se o custo seria muito grande, mas com certeza seria uma oportunidade de dar mais opções para os telespectadores, e consequentemente, mais fonte de renda para a emissora e abertura de novos mercados de trabalhos para quem está à procura.

Claro, não vamos nos livrar das “porcarias” que rondam as TVs abertas, mas isso vai permitir que nossa opção de escolha aumente exponencialmente, e demonstre aos diretores de TV aberta em geral que certos produtos não deviam ficar no ar. Audiência é sempre bom, evidente, mas é mais saudável para todos pensar ao longo prazo do que ter no ar algo que vai chamar atenção negativamente nos primeiros dias, se torna alvo de chacota e, enfim, esquecido pelo público

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Wanderson de Souza

Ator, apresentador, geek, locutor e adoro ouvir o Show do @DiguinhoCoruja (aos sábados Show da @MagdaAlamino) na Tropical FM 107,9. Contato: wsfk2m@gmail.com