Ad Astra, 2019

Felipe
cinetorio
Published in
3 min readDec 15, 2019

A composição desse texto traz informações sobre seu enredo, não leia se não tiver assistido.

★★★★★★★★✩✩

Informações técnicas

Título Original: Ad Astra
Ano de Lançamento: 2019
Direção: James Gray
País de Produção: EUA
Idioma: Inglês
Duração: 124 min

Sinopse

Após um terrível acidente, um astronauta (Brad Pitt) recebe a notícia de que há algo misterioso ameaçando a sobrevivência de nosso planeta, algo que também está relacionado com o sumiço de seu pai (Tommy Lee Jones). Agora, ele recebe a missão de viajar para tentar solucionar este mistério, que tem segredos que desafiam a existência humana e nosso lugar no cosmos.

A comparação pode se tornar um grande fardo para novos filmes que buscam explorar a relação entre a sociedade e o espaço sideral.

E comum vermos essas novas obras serem comparadas a grandes clássicos, como o 2001: A Space Odyssey, de Stanley Kubrick, ou Solaris, de Andrei Tarkovski. São duas histórias basilares da ficção científica dentro do cinema, para produções envolvendo o homem, o universo e as relações.

O primeiro conquistou o público e se tornou um grande ícone cultural, enquanto o segundo se tornou um cânone alternativo ao filme inglês, permitido um contra-ponto entre as obras de maneira a cindir em sociedade e alma. Ambas as películas pra além de serem vastamente homenageadas e referenciadas, também fomentaram remakes e paródias. Então, se torna comum que novas produções acabem sendo referenciados por parte do público.

James Gray é dono de um currículo interessante, tendo produzido inúmeros filmes que foram sucesso de crítica e de público. Entretanto, apenas sua penúltima produção tem um toque um pouco mais exploratório, que antecede a grandiosidade que envolve uma viagem dentro do sistema solar, que encontramos aqui em Ad Astra.

Apesar de ter momentos de ação, com ótimas composições, as cenas parecem um pouco deslocada do enredo. De certa maneira, a única justificativa que parece plausível é para colocarem a impassividade de Roy McBride (Brad Pitt) à tona, tendo em vista que a tônica da história é muito mais emocional e introspectiva.

E esse é o principal aspecto que leva as comparações da produção russa de maneira um pouco forçada¹. Afinal, após décadas reprimindo seus sentimentos para seguir os passos de um pai violento e que o abandonou, tudo parece desmoronar ao sinal de que ele está vivo. Até então, tudo que o cercava era a mitologia que o envolvia, enquanto o homem que mais realizou viagens espaciais.

Mesmo sabendo dosar na composição estética do espaço, a história parece ter dificuldade de desenvolver a relação entre pai e filho, em certos momentos caindo para um melodrama exacerbado que felizmente não afeta o resultado final. O principal conflito acaba acontecendo dentro do esperado, onde há o confronto a respeito do abandono, que parece confirmar os fantasmas de Roy.

No final, acaba sendo uma obra coesa dentro do que se propõe. Apesar de toda uma produção dentro da lógica da ficção científica, ela apenas é uma roupagem para mais um drama familiar.

¹: No clássico temos a introspecção como um movimento catártico frente aos efeitos do oceano de um planeta distante que parece afetar as pessoas que o orbitam. Na obra de Gray, a viagem apenas tem o intuito de confrontar o passado e um pai ausente e violento, que para ele, funciona como um espelho, permitindo que prosseguisse com a sua vida desacompanhado de seus fantasmas.

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Felipe
cinetorio

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