Entrelinhas #7

Felipe
cinetorio
Published in
3 min readAug 31, 2018
#7

Coletânea de pequenas opiniões a respeito de produções cinematográficas assistidas recentemente.

A Visita (M. Night Shyamalan, 2015)
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt3567288/
★★★★★★★★✩✩
Sinopse

Os irmãos Becca e Tyler são mandados para a casa dos avós que nunca conheceram por sua mãe, Paula. Ao chegarem lá, seus avós estabelecem apenas uma única regra: Não saiam do quarto após as 21:30. Aos poucos, os jovens desconfiam de que há algo de errado com seus avós.

Eis aqui um bom suspense do Shyamalan, diretor conhecido por suas grandes reviravoltas narrativas, exemplificadas em Sinais (2002) em Corpo Fechado (2000). O aspecto estético da produção é um ponto de destaque, posto que dificilmente vemos filmes do gênero com uma fotografia tão colorida, o que ajuda a criar uma atmosfera propícia para os sustos vindouros.

Seu elemento principal vem sendo tendência no ramo, que consiste em gerar o terror pela confusão: uma cena grotescamente mal-explicada em contraponto a uma posterior sensação normalidade, tornando o acontecimento, de certa forma, trivial, uma brincadeira de mal gosto. Pessoalmente, considero um ganho de qualidade tremenda: há muito tempo o mercado está saturado do susto atrelado a sangue espirrando e mutilações de membros do corpo.

Por fim, ele também carrega uma metalinguagem interessante: a irmã mais velha tem como objetivo com seu documentário, instigar o espectador a querer ir além do que está sendo enquadrado; o filme, então, adota a mesma postura: não poder sair do quarto após às 21h30, não poder ir para o porão, barulhos estranhos do lado de fora da porta no meio da noite. Perceber isso torna o filme mais atraente, sendo um bom entretenimento.

Uma Super-Simplificação de Sua Beleza (Terence Nance, 2012)
IMDB: https://www.imdb.com/title/tt2073520/
★★★★★★★✩✩✩
Sinopse

O cineasta Terence Nance chega em casa após um dia estressante e encontra uma chamada perdida na secretária eletrônica. É um recado da jovem com a qual vinha tentando estabelecer uma relação amorosa. Ela diz que não poderá vir ao encontro combinado e que aquele é o fim da relação dos dois. A partir desse fato, ele percorre passo a passo o caminho de sua relação. Misturando imagens documentais, animações e ficção, ele dá vazão a sua obsessão como em um diário íntimo, perguntando-se os motivos por trás da desistência dela.

O experimentalismo nesse filme do diretor norte-americano Terence Nance nos envolve em uma narrativa envolta em uma análise exaustiva do cotidiano e das relações sociais que estabelecemos, sobretudo as românticas. A partir de um término mal resolvido, o filme se encaminha para explorar esse relacionamento sobre as mais diversas lentes.

“Dor”, você diz? Uma dor sutil? Interessante… talvez você esteja sentindo a dor do vazio entre expectativas e realidade. (25min24seg)

Há diversos méritos na construção dos argumentos, onde o término de um namoro não remete apenas a relação em si, mas toda uma construção social da maneira pela qual nos relacionamos com outras pessoas e as motivações para tal. O que esperamos ao começar um relacionamento, a completude de um vazio pessoal?

Ao discutir todas essas questões, indo e voltando, a história percorre diversos marcos que a primeira vista, não necessariamente aparentam estar ligadas ao que é principal aqui — mas, com um olhar mais atento, conseguimos ver a linha do fluxo associativo que encadeia toda a caoticidade em cena.

--

--

Felipe
cinetorio

what do you mean you forgot the chicken nuggets