Entrelinhas #8

Felipe
cinetorio
Published in
3 min readSep 15, 2018
#8

Coletânea de pequenas opiniões a respeito de produções cinematográficas assistidas recentemente.

First Reformed (Paul Schrader, 2017)
IMDB: https://www.imdb.com/title/tt6053438/
★★★★★★✩✩✩✩
Sinopse

Um ex-militar capelão é torturado pela perda do filho que ele encorajou a se alistar nas forças armadas. Ele é ainda desafiado após fazer amizade com uma jovem paroquiana e seu marido ambientalista radical. Ele logo descobre segredos escondidos da cumplicidade de sua igreja com empresas Inescrupulosas.

A impressão que fica é a de que o filme se propôs a discutir muitas coisas, mas não há um aprofundamento em nenhuma delas; a temática ambientalista beira ao clichê na construção do Michael, personagem que serviu de catalizador para aos já efervescentes questionamentos do pároco Toller. Nesse ponto, o diretor acerta: de ambos os lados vemos o efeito de uma devoção cega.

O filme é divertido na medida em que consegue gerar um clima de tensão. Traz consigo ótimos enquadramentos e uma câmera estática, que junto a construção dos cenários, acaba realmente criando essa atmosfera elétrica — tirando algumas cenas onde, aparentemente, o departamento artístico perdeu a mão (vide essa cena aqui).

Demônio de Neon (Nicolas Winding Refn, 2016)
IMDB: https://www.imdb.com/title/tt1974419/
★★★★★★★✩✩✩
Sinopse

Jesse é uma jovem de 18 anos que acaba de chegar a Los Angeles. Dona de uma beleza natural impressionante, ela tenta a sorte como modelo profissional. Após tirar algumas fotos mórbidas para um jovem fotógrafo, é contratada por uma conceituada agência de modelos. Bastante ingênua, ela passa a lidar com o ego sempre inflado das demais modelos e também com a maquiadora Ruby, que possui intenções ocultas com a jovem.

Conhecido pela estética exuberante em suas produções, o diretor dinamarquês já está completamente inserido no cinema norte-americano desde Drive (2011), filme com que ganhou a categoria de melhor diretor no festival de Cannes. Nele podemos ver um filme todo construído em cima da dualidade do protagonista, que assume papeis em sua vida. Ali a estética era uma mera composição de cenário.

Aqui, em Demônio de Neon, ela já se torna parte da história. Afinal, o mundo da moda é um dos lugares mais propícios para a utilização de uma paleta de cores mais fortes, focadas no roxo e no amarelo. Entretanto, para além da estética, o filme parece rastejar por uma área já exaurida: as entrelinhas do que significa ser modelo. De certa maneira, até a composição das personagens se encaminha pra uma suposta alegoria: os homens são todos predadores sexuais e as mulheres são todas concorrentes.

O final decepciona, mas apenas por tentar mudar de um suspense criado em cima da latência das situações, de maneira velada, para um suspense explícito, com cenas gore. Essa mudança é um risco para qualquer produção, na mão de qualquer diretor; Refn não conseguiu, o que torna o filme apenas mediano tendo em vista tudo que foi citado.

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Felipe
cinetorio

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