Ghost Dog, 1999

Felipe
cinetorio
Published in
4 min readJul 21, 2018

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A composição desse texto traz informações sobre seu enredo, não leia se não tiver assistido.

★★★★★★★✩✩✩

Informações técnicas

Título Original: Ghost Dog: The Way of the Samurai
Ano de Lançamento: 1999
Direção: Jim Jarmusch
País de Produção: França, Japão, Alemanha, EUA
Idioma: Inglês, Francês
Duração: 116 min

Sinopse

Ghost Dog vive acima do mundo, em meio aos pombos, no terraço de um prédio abandonado. Guiado pelas palavras de um antigo texto samurai, ele é um matador profissional capaz de se esgueirar à noite pela cidade sem ser notado. Quando seu código moral é desrespeitado por uma família mafiosa italiana que contratou os seus serviços, Ghost Dog reage rigorosamente conforme os ensinamentos do livro.

Com esse filme, o diretor consegue criar uma obra digna do final dos anos 90. O enredo possui diversos elementos marcantes da década, como a existência de um assassino de poucas palavras, marcado a ferro e fogo pelos preceitos éticos que segue; a morte de animais de estimação ocasionando uma vingança executada com perfeição; incontáveis tiroteios e inúmeras outras idiossincrasias características.

Por mais que sejam elementos comuns, o diferencial aqui é justamente o sistema de valores pelo qual o protagonista age. Seguir uma filosofia milenar samurai, na contemporaneidade, soa até como uma maluquice, ainda mais quando ele é um assassino de aluguel que vaga em silêncio pela comunidade, sendo extremamente respeitado por todos e que dá vazão aos ímpetos relacionais cuidando de um pombal.

O tempo todo a produção parece oscilar na corda-bamba, onde cair significaria se tornar mais um filme clichê e esquecível sobre matadores de aluguel, mas a escolha do Forest Whitaker para o papel principal foi um acerto em cheio, maximizando o potencial da película. Em uma entrevista, Jim Jarmusch chegou a afirmar que escreveu o papel do “Ghost Dog” especificamente pra ele.

Ghost Dog & Dog

Seu apelido, Ghost Dog, não é por acaso. Suas habilidades o tornam um fantasma; alguém impossível de ser rastreado. Há momentos no filme onde essa comparação é feita com um cão de verdade, sendo uma das cenas mais interessantes do filme.

O personagem é uma pessoa de poucas palavras: a relação com os pombos e a amizade com um sorveteiro haitiano que não fala inglês. Por mais que tenha uma barreira linguística, a comunicação é perfeitamente estabelecida. Ao mesmo tempo em que é um bom, em muitos momentos ele flerta com se tornar um filme trash: tanto pela montagem, quanto pelo humor que tenta produzir.

Em relação à montagem, podemos destacar, principalmente, a representação da máfia que foi construída durante todo o filme: de maneira completamente caricata, é o aspecto do filme que mais corteja o ridículo. Dentre os chefões, por exemplo, temos um que chega a cantar versos do Public Enemy; o segundo tem a mesma variabilidade de feições que uma estátua; o terceiro, só se manifesta para gritar obviedades. Há outros elementos, como todos os integrantes serem velhos e gordos; a constante cobrança de aluguel atrasado do local em que se reúnem, etc.

Há cenas jogadas que visam como resultado um humor que, se ocorre, é pela aleatoriedade. Um garoto jogando brinquedos pela janela do apartamento; um idoso dando uma surra com golpes de Kung-fu em um homem que tenta roubar sua carteira. Essa são apenas algumas, há mais.

A trilha sonora é composta pelo RZA, líder do Wu Tang Clan. Por mais que a sonoplastia dá algumas bolas foras (como em cenas de caminhadas do Ghost Dog), a escolha musical foi boa.

Por fim, a cena final traz um fechamento interessante para o filme, em que, a partir dos mandamentos que caracterizavam capítulos na obra, há a sensação de futura continuidade do ciclo, dessa vez pelas mãos de Pearline, uma personagem que exala carisma.

Pearline (Camille Winbush)

Apesar das críticas feitas, o filme é interessante e vale a exibição. Jim Jarmusch é um dos grandes diretores independentes da atualidade e em “Ghost Dog: Matador Implacável” temos uma obra com a sua cara.

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Felipe
cinetorio

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