Antes arte do que nunca!
A arte até tem seus momentos com o mecenato, mas com dinheiro é sempre muito mais do mesmo do que fazer tanto com nada. Os primeiros anos do Picasso são os que eu mais gosto: os primeiros retratos, as mudanças constante de fases, depois ele fez tanto daquele cubismo que ele mesmo foi parar dentro da caixa, mas enfim, vendia não é?!
Nosso país está crescendo e o mercado das artes também, mas antes de tudo o Brasil tem desenvolvido uma arte de argumento, com tantas leis e editais estão se criando ego-mercantes, vendedores de suas artes por algum dinheiro, exposição, ou até a própria pretensão de realizar.
O cinema brasileiro, por exemplo, é financiado por editais, o filme não precisa ser bom, mas ter um bom argumento que dialogue com as partes: os grandes patrocinadores, a lei de incentivo e os apoiadores, um bom argumento que amarre à todos e torne possível fazer o filme acontecer. Um bom exemplo da dignidade que este processo rouba é o filme Cama de Gato (2002), o diretor conta que para pegar o financiamento de uma grande incentivadora do cinema nacional deveria adequar o roteiro, ele preferiu fazer com recursos próprios. O filme, protagonizado por Caio Blat, conta a história de três amigos da classe-média e um estupro à uma colega da escola. História que passou da ficção para a realidade poucos anos atrás em Florianópolis.
Fernando Pessoa publicou um livro em português enquanto vivo (outros dois em inglês), e os poemas deste não se comparam aos tantos outros publicados póstumos, por exemplo. Van Gogh morreu com um quadro vendido, uns tantos trocados por comida ou hospedagem. Basquiat saiu da rua para um estrelato pós-moderno, mas a essência do seu trabalho continuava na rua.
O Van Gogh e o Bukowski, por exemplo, nunca foram numa câmera setorial de cultura. A arte nasce de uma decência interior, de realizar aquilo independente de qualquer força contrária que exista!
