Um erro dentro da margem de erro
Eu nunca me adaptei muito ao sucesso, sempre sinto alguma coisa estranha no gosto de qualquer vitória, parece que eu não me esforcei o sufiente quando todas as coisas dão certo desse jeito tão bonitinho: cabelo penteado, gola polo, carro do ano, salário alto, aprovação da família, essas tantas coisas que parecem um abraço mas, ao meu ver, são o primeiro fracasso já que se acostumar é o lado de fora da inteligência. São poucos os lugares que me deixam confortável e que acalmam o meu espírito, no mais eu sou uma bagunça caótica querendo ser tudo e pouco ter. Minhas ambições nunca chegaram aos palácios ou em algum reinado mas sim em alguns pilares e raízes fundamentais do conhecimento. Sim, eu sempre quis saber de tudo e, acima disso, sempre quis saber o que fazer com o que se sabe. Eu vivo uma agonia perecível diante do potencial da humanidade, a gente sabe do verbo, da fala, da tecnologia, da partícula quantica e não consegue se traduzir pro vizinho da porta do lado?! — Ser humano não é mais complexo que o seu Smartphone — a filosofia é uma coisa rara, as pessoas conseguem passar a vida contando histórias que foram ditadas pra elas. As tragédias que acompanho quando acompanho as notícias da TV sempre me parecem ter um tom calculado de uma história bem planejada, por exemplo: a doença surge, se expande, se torna uma epidemia, mas dentro de um grupo controlado, claro!, quando esse grupo foge do controle, quando alguma coisa assim chega numa dessas treze famílias que dominam o planeta a cura aparece, essa é uma verdade inconveniente e ninguém quer falar de assuntos inconvenientes e a filosofia se tornou esse mosquito chato que zumbe no ouvido. A inteligência humana é a maior burrice, nós, em nosso estado primitivo, já fomos muito mais evoluidos. Hoje a barbárie come o nosso espírito pelas beiradas onde a ironia prevalece e não é culpa da ignorância não, a gente se tornou mais atrasado que o primitivo quando passamos a adquirir conhecimento e ignorar sua finalidade. Nós não chegamos até aqui para nos servir do conhecimento, mas sim para fazer parte dele. Esse planetinha poeira do universo que parece mais um mundo inteiro está a deriva e toda essa tecnologia, que parou na palma da nossa mão, grita desesperada por atenção e nós abandonamos valores de humanidade pra se escravizar diante de mais um erro da margem de erro.
