Alhos e bugalhos. Obrigada. De nada.

Usabilidade e experiência do usuário: a mesma coisa, só que não

Ana Marafiga
CI&T Design

--

Tenho ficado desconfortável com a ideia, cada vez mais comum na comunidade de user experience designers, de que tudo é responsabilidade da experiência, seja para o bem ou para o mal. A UX se tornou a centralizadora de todos os agouros do mundo e responsável por qualquer coisa que não funcione. Da pluralidade das causas, passando pelo mundo dos negócios e da tecnologia, vejo que em boa parcela destas situações são problemas de usabilidade.

Usabilidade e Experiência são domínios diferentes que compartilham certas características em comum contribuindo para esta confusão. Um exemplo disto: se uma interface é considerada esteticamente atraente (experiência), ela é mais facilmente percebida como útil (usabilidade), criando uma interdependência dos conceitos.

Metas da usabildiade e da experiência: Preece et al

Definições

Embora imprecisas, as linhas que separam UX e usabilidade existem. Ambas fazem parte do mesmo conjunto ISO, referente a qualidade de software, e a ISO 9241–210 as diferencia da seguinte forma:

  • usability: Extent to which a system, product or service can be used by specified users to achieve specified goals with effectiveness, efficiency and satisfaction in a specified context of use.
  • user experience: A person’s perceptions and responses that result from the use and/or anticipated use of a product, system or service.

Pelas definições, as duas avaliam a qualidade da interação dos usuários com produtos e sistemas, incluindo aspectos objetivos e subjetivos, mas a usabilidade não necessariamente inclui aspectos emocionais e de preferência estética. A usabilidade é uma qualidade do sistema, a experiência é um conjunto de percepções e respostas do usuário.

Continuando com os contrapontos, usabilidade reflete valores mais associados ao funcional, que podem ser avaliados de forma quantitativa. A experiência reflete qualidades. Além desta diferença, fica também o aspecto temporal. A usabilidade existe apenas no momento do uso. A experiência compreende o antes, o durante e o depois.

Exemplificando: Quando você usa um caixa eletrônico e consegue efetuar uma ação sem erros, ponto pra usabilidade. Quando você usa um caixa eletrônico no meio da madrugada que, além de te oferecer o funcional, consegue deixar você seguro, ponto pra experiência.

Métodos de avaliação

Enquanto os métodos de avaliação de usabilidade são bem conhecidos, os métodos para avaliar experiência nem tanto. Um grupo de pesquisadores escreveu um artigo sobre o levantamento deles neste assunto. Você pode consultá-lo neste link e tentar descobrir quantos você já conhece. Se você quiser ler o artigo completo, pode acessar este link.

Por que tudo isso é relevante?

Identificar corretamente onde colocar os esforços é parte importante do nosso trabalho. Como a galera deste outro artigo pontua, atuar em problemas de usabilidade pode ocorrer em paralelo ao desenvolvimento. UX, por outro lado, é uma abordagem que deve cruzar todos os setores da empresa, mesmo após o lançamento ou entrega do projeto para o cliente. Pense nisso quando atuar em um projeto: estou olhando para o uso ou estou olhando para a experiência? Se você está atuando sozinho e pontualmente, é muito mais provável que você esteja atuando em questões de usabilidade.

:)

--

--

Ana Marafiga
CI&T Design

Atuo liderando processos e métodos de priorização de estratégias e gestão de produtos, promovendo a transformação digital com foco em impacto financeiro.