Eduarda Sousa
CITi
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5 min readMar 27, 2019

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Em 2014 o Spotify lançou um vídeo explicativo sobre o que eles chamam de "Spotify engineering culture", traduzindo, não literalmente, como eles organizam seus times para trazer maior produtividade e resultados para a empresa.

Neste vídeo eles introduzem um conceito para “Squads” — Preste atenção nessa palavra, vamos usá-la muito por aqui — .

Os Squads são times totalmente alinhados com a estratégia, propósito e valores da empresa. São responsáveis por alguma atividade da empresa, compostos por pessoas que não necessariamente realizam a mesma função — inclusive é interessante que seja multidisciplinar — e que possuem autonomia para executar suas atividades: Utilizam alguma metodologia de sua preferência, tem sua rotina de atividades divida entre si e produzem com agilidade.

Meu intuito nesse post não é te explicar a fundo como o Spotify fez e sobre os resultados que eles obtiveram com isso, pois isso foi feito muito bem neste vídeo. Mas sim, te explicar como nós do CITi, empresa júnior do Centro de Informática da UFPE fizemos, como isso impactou positivamente na nossa cultura e como você pode aplicar e alavancar seus resultados.

Vamos lá?

O contexto

Em 2017 o CITi (Centro Integrado de Tecnologia da informação) trabalhava com alocação em projetos. Tá, mas o que isso significa? Significa que, quando um projeto chegava para desenvolvimento pessoas eram alocadas para trabalhar neste projeto, essas pessoas talvez nunca tivessem trabalhado juntas, ou se sim, talvez o trabalho tivesse sido excelente ou não. São muitas variáveis desconhecidas ou que requerem uma pesquisa com dados primários para identificar a compatibilidade entre as pessoas. Imagine fazer isso toda vez que um projeto chegasse? Várias vezes ao mês, se tornando um trabalho repetitivo que poderia causar incertezas no projeto.

Quando estamos falando de pessoas elas são a principal variável para fazer a sua, a minha ou qualquer empresa divergir em resultados e como engajá-las a realizar o melhor trabalho possível e torná-las comprometidas com o propósito da sua empresa é um dos maiores desafios, se não o maior, da gestão de pessoas. Foi pensando nisso que no final de 2017 decidimos mudar, decidimos estudar as pessoas e combiná-las visando criar uma cultura de autonomia e produtividade, foi aí que começamos a estudar e montar um modelo para squads.

Como fizemos?

No começo de 2018 mapeamos toda a área de Projetos, área que queríamos otimizar os resultados, composta por gerentes: Aqueles que lideram o que vamos chamar de squads, garantem a produtividade da equipe, satisfação dos mesmos e que a nossa entrega seja a melhor possível para nosso cliente; Designers: Aqueles que ideiam a solução com estudos em cima da realidade do cliente e do seu cliente final; e por fim, mas não menos importante, os desenvolvedores: Aqueles que trazem à vida com as melhores técnicas e tecnologias a solução ideada pelo designer.

Após analisar membros atuais da área e novos entrantes vou te mostrar o passo a passo que seguimos, agora é a hora de você, gestor, prestar bastante atenção e pensar em sua equipe:

A receita do bolo

1. Atividade de interesse

Nessa etapa, você irá entender o que cada membro do seu time tem desejo de aprender. Não necessariamente a pessoa precisa ser boa nisto naquele momento, mas ela está disposta e com vontade de intensificar seus estudos e aplicar.

Por exemplo, dentro da área de Projetos, mapeamos as atividades de maior interesse dos desenvolvedores, se eles tinham desejo de se aperfeiçoar mais na parte de desenvolvimento da interface - aquilo que o usuário visualiza em uma página web ou aplicação - ou se eles tinham vontade de realizar o que está por trás disso. Ressaltando que é importante para um desenvolvedor saber ambos, mas, normalmente, existe um interesse mais forte por um dos dois.

Se você comandar uma área de Marketing você pode fazer essa sondagem a partir de interesse em análise de dados, criação de conteúdo, gestão de redes sociais e por aí vai.

Para manter seus membros motivados é importante que você consiga dar espaço para eles aprenderem coisas novas, lembre-se que são eles que lhe trazem ou podem trazer os melhores resultados quando têm seu potencial aproveitado.

2. Habilidades complementares

Pronto, esta é a fase para você ver em que seu membro é realmente bom. Entenda no que mais ele tem experiência, o que ele mais executa com qualidade e rapidez.

É importante que você combine pessoas com habilidades que se complementem, de forma que a equipe esteja apta a pegar qualquer desafio relacionado a área de atuação dela.

Utilizando como exemplo o CITi novamente, precisamos unir em uma equipe pessoas que saibam de interface com pessoas que entendam muito bem da lógica por trás, dessa forma esse squad pode pegar tanto projetos de complexidade mais baixa, quanto mais alta.

3. Match de personalidades

Para essa etapa é necessário que todos os membros realizem o teste das 16 personalidades MBTI, esse teste vai esclarecer alguns aspectos sobre cada membro e com isso você consegue combinar personalidades que se dão bem e que trabalham bem juntas. Para saber como fazer isso bem você pode acessar este link, aqui está uma explicação detalhada acerca de cada personalidade para você montar um time poderoso!

Essa etapa é essencial para formar um time com boa sinergia e que trabalhe bem em conjunto, não abra mão dela.

From Pinterest

4. Maturidade

Na última etapa do processo você precisa garantir que sua equipe combinará membros mais antigos e membros mais novos. É importante que os squads sejam balanceados, de modo que nenhum deles seja formado apenas por pessoas menos experientes na empresa, faça uma combinação.

Membros mais antigos podem passar os processos e práticas da empresa para membros mais novos, isso é essencial para disseminar a cultura da empresa para os novos entrantes.

Resultados

Área de Projetos

Tivemos um aumento de produtividade, nossos projetos começaram a ter um cronograma mais assertivo e mais rápido, visto que o squad já trabalhou em conjunto e se conheciam o suficiente para antecipar algum caminho mais rápido ou possível problema. Além disso, como temos equipe mais bem distribuídas, cada uma era robusta o suficiente para pegar projetos mais complexos, resultado em um aumento do nosso ticket médio.

Ressalto aqui que este modelo não é aplicável apenas para times de desenvolvimento, um exemplo disso seria utilizá-lo na área de vendas.

Gostou do texto? Recomenda para algum amigo que precise melhorar o desempenho de sua equipe. Fica ligad@ também em nossas redes sociais, estaremos postando algumas dicas bacanas por lá! @citiufpe

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Eduarda Sousa
CITi
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Product designer and sometimes storyteller trying to figure out the world. Currently partner @ Loomi