Poema: Erva-bruxa, de Louise Glück

Juliana
Clássicxs Sem Classe
2 min readOct 9, 2020

“Erva-bruxa
(tradução de Juliana Brina)

Alguma coisa
chega indesejada ao mundo
a clamar desordem, desordem -

Se você me odeia tanto
não se preocupe em me
nomear: será que você precisa
de mais um insulto
na sua língua, mais uma
maneira de culpar
uma tribo por tudo -

como nós dois sabemos,
se você adora
um deus, você só precisa de
Um inimigo -

Eu não sou o inimigo.
Apenas um ardil para ignorar
o que você vê acontecer
bem aqui nesta cama,
um pequeno paradigma
do fracasso. Uma de suas preciosas flores
morre aqui quase todos os dias
e você não pode descansar até
que ataque a causa, ou seja,
o que quer que tenha restado, o que quer
que seja mais resistente
do que sua paixão pessoal -

Isso não foi feito para
durar para sempre no mundo real.
Mas por que admitir isso, se você pode continuar
a fazer o que sempre faz,
lamentar e culpar,
sempre os dois juntos.

Não preciso do seu elogio
para sobreviver. Eu cheguei aqui primeiro,
antes que você estivesse aqui, antes
que você plantasse um jardim.
E estarei aqui quando apenas o sol e a lua
restarem, e o mar, e o vasto campo.

Eu constituirei o campo.”

Original: “Witchgrass” (poema)
Fonte: The Wild Iris (1992)

Calliope

Original:

“Witchgrass

Something
comes into the world unwelcome
calling disorder, disorder —

If you hate me so much
don’t bother to give me
a name: do you need
one more slur
in your language, another
way to blame
one tribe for everything —

as we both know,
if you worship
one god, you only need
One enemy —

I’m not the enemy.
Only a ruse to ignore
what you see happening
right here in this bed,
a little paradigm
of failure. One of your precious flowers
dies here almost every day
and you can’t rest until
you attack the cause, meaning
whatever is left, whatever
happens to be sturdier
than your personal passion —

It was not meant
to last forever in the real world.
But why admit that, when you can go on
doing what you always do,
mourning and laying blame,
always the two together.

I don’t need your praise
to survive. I was here first,
before you were here, before
you ever planted a garden.
And I’ll be here when only the sun and moon
are left, and the sea, and the wide field.

I will constitute the field.”

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