DevTheDev[1] = “cultura”

Cléber Zavadniak
clebertech
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5 min readMar 5, 2021
Imagem completamente não-relacionada

Recentemente escrevi o artigo Como implantar uma cultura de testes onde não há testes e o resultado foi que minha mente permaneceu gravitando em torno dessa palavra: “cultura”, porque é curioso pensar que uma mudança brusca na cultura é um acontecimento geralmente de grandes proporções.

(Esta edição da newsletter foi enviada em 03/01/2021.)

Cultura, afinal, é todo o conjunto de conhecimentos e práticas que nos é passado pelas gerações anteriores. Ao contrário do tigre, por exemplo, que quando nasce é sempre, de uma certa maneira, o primeiro tigre, o ser humano não é o primeiro ser humano ao nascer, mas logo cedo começa a receber esse conjunto de conhecimentos e práticas (como assar a carne ao fogo antes de comer e não comer gatos e cachorros) e assim insere-se na cultura local do seu próprio povo, família ou religião. E as mudanças bruscas nas culturas são eventos grandes. A colônia torna-se país e uma porção de coisas que até a semana passada eram absolutamente normais passam a funcionar de maneira muito diferente. O país separa-se em dois, e agora sua nação se identifica por um novo nome e é administrada de maneira distinta da outra parte de uma nação que antes era sua também mas agora não é mais. É proclamada a República e agora a autoridade passa a ser eleita por algum sistema de votação ao invés de termos uma dinastia monárquica. Não são coisas pequenas, certo?

Por isso mesmo o tópico “implantar uma cultura” não é algo a ser tratado como coisa banal. Tudo bem que a cultura da empresa existe em proporção muito menor que a cultura de um país ou povo, mas ainda assim podemos ver essa implantação como um evento notável.

E implantar uma cultura é uma tarefa com foco total e absoluto nas pessoas. Os processos, as ferramentas e as métricas são importantes e tem o seu lugar, mas é vital sempre ter em mente que tudo gira em torno das pessoas, porque são elas quem precisam abraçar essa nova cultura e depois passá-la para frente. O trabalho de implantação pode ser árduo, mas depois que a engrenagem começa a girar o trabalho maior passa a ser de manutenção e, idealmente, de atualização, que já é algo geralmente mais tranquilo: a inércia, que antes atrapalhava, pelo menos agora passa a ajudar.

Enfim, o resumo do que estou dizendo é o seguinte: “cultura de testes” não é sobre testes, mas sobre pessoas. Ou, numa fórmula mais genérica:

Cultura de X nunca é sobre X, mas sempre sobre pessoas.

Exercício anti-corcunda

Se você passa muito tempo usando o computador, pode ser que sinta que está ficando ou tema ficar “corcunda”.

Normal.

Não sou fisioterapeuta e já aviso que qualquer coisa que você resolver fazer é por sua conta e risco. Mas faço questão de compartilhar 2 exercícios simples que, particularmente, sinto que fizeram diferença para mim.

(O artigo de onde essas imagens vieram é esse aqui, do Art of Manliness.)

1- Wall/Chair/Air Angel

A ideia inicial é que você encoste suas costas completamente na parede e erga os braços como mostra a ilustração acima. Mas eu fiz minha própria versão da coisa, que chamo de “Chair Angel”: você executa o mesmo movimento, mas enquanto está sentado na sua cadeira, ainda em frente ao computador. Ou mesmo em pé, enquanto vai buscar outro café.

Esse exercício ativa uma parte da musculatura das costas que normalmente fica relaxada enquanto estamos sentados e distraídos. Por isso mesmo que deve doer no começo, mas depois você acostuma.

2- Alongamento na vista da porta

Acho legal que esse exercício é bem casual: você acaba se acostumando a fazer toda vez que estiver de bobeira perto de uma porta. :)

Resultados

Não posso falar pelos outros, mas desde que comecei a fazer esses exercícios, percebi que minha postura melhorou bastante.

Eu até me sinto mais alto.

(E teve um dia que estava andando pela casa e fiquei espantado por estar com os ombros devidamente para trás…)

E não é nada muito mágico: a gente sabe como é ficar com a postura correta, mas geralmente isso cansa. A ideia dos exercícios é justamente essa: fortalecer os músculos certos de maneira que ficar em pé ou sentado corretamente deixe de ser um esforço cansativo.

Kathy Sierra: making badass developers

Essa palestra é excelente. Considero o assunto do esgotamento mental um conhecimento imprescindível para qualquer profissional. Precisamos sempre ter consciência disso: a energia mental que as pessoas tem é um recurso finito e precioso e não podemos simplesmente desperdiçá-lo.

E aquela divisão de como podemos organizar nossas habilidades é interessantíssima. As categorias são essas três:

  • Can’t do : não consigo fazer
  • Can do with effort : consigo fazer, mas com esforço
  • Mastered (but possibly half-assed) : faço no automático (mas nem sempre isso é bom).

Sempre considerei muito importante entender o processo de pensar. Se um processo não for mapeado, afinal, ele dificilmente pode ser melhorado. E essa palestra aborda essa questão com maestria.

Absolutamente recomendo a todos que assistam.

“Mas não consigo ver vídeos em inglês…”

É, caro leitor, cara leitora: aí fica complicado.

Se alguém souber de um bom professor ou um bom curso que ache que seja o caso de eu recomendar por aqui, por favor me informe. Para isso, basta responder este e-mail (não se acanhe: eu gosto quando as pessoas falam comigo).

Fim

E acabamos.

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Abraço!

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