Pequena Investigação sobre Sistemas Operacionais

Cléber Zavadniak
clebertech
Published in
4 min readDec 26, 2018
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Conforme já comentei em artigos anteriores, sou um usuário de Linux bastante cíclico. Passei um bom tempo, recentemente, deixando de lado meus problemas “filosóficos” com o systemd e seus amigos e usando o Linux Mint. Ultimamente, acabei encontrando o MX Linux, que é um Debian sem systemd. Mas o MX ainda é um amontoado meio desorganizado de software, todo empilhado de maneira a "funcionar", distante do que eu acredito que seria um sistema operacional ideal para mim.

Então eu tive uma ideia: eu precisava de um “sistema base” que praticamente não mudasse nunca, e poderia rodar aplicações mais “chatas” em containers rodando qualquer outra distro que fosse necessária. Dessa maneira, além de ter um sistema mais são, eu evitaria o transtorno que é ficar migrando de uma distro para outra (e isso acontece frequentemente…).

E eis que encontrei, buscando por uma solução para meu dilema, dois termos que me chamaram a atenção: “Void” e “suckless”.

Void Linux

O Void é uma distribuição bem minimalista. Para você ter uma ideia, um Funtoo “cru” (ou seja: meramente com o “stage3” descompactado numa partição) ocupa cerca de 2.1GB em disco. O Void? Cerca de 200MB.

A distro ainda segue as linhas gerais do sistema de arquivos do Linux (não é como o GoboLinux, por exemplo, ou mesmo o Nix), mas conta com um gerenciador de pacotes escrito (em C) do zero, que é bem eficiente e inteligente, chamado xbps.

O mantenedor principal era um cara que veio do NetBSD. E um dia ele sumiu, e todo mundo entrou em pânico, até que a equipe de colaboradores deu lá seu jeito e praticamente tudo voltou à normalidade.

suckless

Vide https://suckless.org/ .

Home of dwm, dmenu and other quality software with a focus on simplicity, clarity, and frugality.

“Suckless” é uma espécie de “movimento” que busca desenvolver e usar software que não seja uma merda, basicamente.

Fiquei fascinado pela coisa toda. Admito que há algum exagero em algumas coisas e um certo desleixo em outras (vide quão desnecessariamente complexo é manter um dwm bem configurado, já que as versões de programa principal e seus patches são meio desencontradas e você tem que verificá-los manualmente para garantir que uma coisa bata com a outra). Mas os ideais são muito interessantes.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a ideia de um software alcançar o status de completamente terminado. Não “abandonado”, mas completamente pronto: não serão adicionadas novas funcionalidades e ninguém tem encontrado qualquer bug ao longo de muitos anos. Isso não é incrível?

No fim das contas, eu acabei não adotando muitos softwares criados por esses caras, mas entrei em contato com vários conceitos interessantes e que muito dificilmente se vê sendo discutidos por aí, como as vantagens e desvantagens da linkagem estática, ou mesmo essa noção do software que um dia é simplesmente terminado.

E os conceitos principais do “suckless” foram os que mais me marcaram e que eu mais senti que foram se perdendo de vista, inclusive da minha, no “mundo GNU/Linux”: simplicidade, clareza e frugalidade.

Void Linux?

Aprendido com a experiência, eu já tinha uma partição disponível no laptop para a instalação de um novo sistema operacional. Eu cheguei a usá-la para tentar tornar o GoboLinux usável, mas acabei largando mão depois de encarar a dificuldade de criar uma recipe para uma versão menos desatualizada do Firefox (a minha foi aprovada, inclusive, mas até hoje não consigo vê-la na listagem oficial). Meu plano era meio que tornar o GoboLinux minha “distro base”, mas vi que seria um esforço monumental demais para alguém tão ocupado (pelo menos na época).

O Void é uma distro muito minimalista e até bem organizada, mas sofre de dois principais problemas, para mim:

1- Ela é crua demais.

2- Ela é “opinionada” demais.

Crua demais

Eu cheguei a fazer uma instalação e bootar o sistema na máquina, mas não consegui passar daí: não havia jeito de acessar a rede sem fio. Pesquisei bastante por opções, mas ou elas eram incompletas, ou mal explicadas, ou dependiam do NetworkManager, que é um serviço que, por mais que me tenha sido útil, eu prefiro ficar longe, atualmente (especialmente na minha "distro base").

A vantagem disso tudo é que eu me obriguei a aprender o básico para usar iw e wpa_supplicant e até criei um projetinho simples para facilitar a vida de quem mais estiver em situação semelhante:

https://github.com/cleberzavadniak/wifi.sh

Isso não foi o principal motivo para abandonar a distro, mas foi um “ponto de dor” que contou na decisão, certamente. Afinal, qualquer coisinha que você antes considerava “dado”, no Void tem que ser conquistado. O que não é necessariamente ruim, claro. Mas certamente é pouco prático.

Leia o artigo completo aqui:

https://blog.cleber.solutions/software/pequena-investigacao-sobre-sistemas-operacionais

(Ali no site tem um gráfico bacana classificando, à minha maneira, uma dúzia de sistemas operacionais diferentes.)

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