A dor do renascimento
Queria te contar sobre um pedacinho de mim que está faltando, mas quando você veio me visitar, seus olhos brilharam tanto ao verem aquele pequenino ser, que acabei me calando.
E veja bem, temos intimidade, mas mesmo assim me senti imerecida dessa atenção.
Nada é como imaginei.
Verdade.
E agora que o encantamento existe mas deixou espaço para outras coisas, estou suspensa.
E se tudo é tão bonito e colorido, por que me sinto assim?
Sinto que me esvaio em contradições e me tornei invisível, sem cor.
Os meus porquês se liquefazem bem no agora que vivo com a cabeça no ontem que virou memória e saudade. Naquela que eu era antes de me transformar.
Queria estar intacta, mas sinto de maneira tão intensa que me canso. E transbordei tão infinita que não coube em mim.
Tentei ser piedosa comigo mesmo, mas você me conhece daquele tempo antigo, onde eu tinha muitas certezas, e hoje, nem sei onde as guardei.
Ele nasceu e eu diminui, vivendo um sufoco glorioso de peito doendo, sangrando e gritos que contenho pra não assustar a mim mesma com tamanha fragilidade de ser feita de carne, osso e coração em proporções desiguais……e se tudo isso não acontecesse dentro de mim, até conseguiria sorrir vendo tamanha confusão.
O que eu estou vivendo, essa bagunça sentimental se fez urgente e preciso de respostas caridosas, ouvidos atentos e abraços acalentadores.
Mas onde está o colo para a mãe recém parida?
Escrevo o impensável enquanto nino um bebê. tão pequeno, amiga, apenas alguns centímetros do mais genuíno amor. E eu nem sou de romantismos, você bem sabe. Nunca fui.
Por tudo e por tanto preciso cuidar dos meus suspiros, sentir, falar, ouvir palavras doces, ser acolhida, estar presente, juntar meus pedacinhos espatifados e com muito esmero, me refazer.
A regra do rolê materno é bem clara e previsível……aguente.
Mas nunca fui muito dessa turma, você sabe, e agora. que decidi me derramar para aliviar o que pesa no meu peito vou pedir pra você me ajudar a carregar, por isso te escrevo.
Parágrafo
Meu filho nasceu e eu diminui, vivendo um sufoco glorioso de peito doendo, sangrando e gritos que contenho para não assustar a mim mesma. Nada é como imaginei, por isso preciso de respostas caridosas, cuidar dos meus suspiros, sentir, falar, ouvir palavras doces, ser acolhida. E agora que decidi me derramar para aliviar o que pesa no meu peito vou pedir pra você me ajudar a carregar. Por isso, te escrevo.
Frase
A mãe importa.
Desafio 002/ maio
#clubedaescrita
#anaholanda