As páginas do tempo

Ana Rocha
Clube da Escrita Afetuosa
1 min readMay 29, 2022

Acumula o tempo que passou em diversos cadernos, cadernetas, agendas. A maioria não serve de mais nada, mas não se cria tempo para jogá-los fora.

E se um dia precisar resgatar aqueles outros tempos?

Às vezes o registro perdura com letra acelerada, daquelas que passa o tempo e não se compreende.

Outras vezes, o que passou fica registrado com uma bela grafia; pede para ser rememorado.

O tempo passado é registrado com pequenas coisas do cotidiano. Os encontros, frustrações, celebrações, reflexões. Nas notas sobre os livros lidos, os filmes assistidos. Nas frases que o tempo não deixará esquecer.

Os cadernos começam com uma temática — como se fossem editorias de um grande jornal — mas vão ganhando, com o tempo, sua vida própria. Uns se tornam eternos. Poucos, descartáveis.

Planeja o tempo que tem pela frente. Um pouco no outlook, um pouco nas agendas atuais, nos lembretes de celular. Quanto tempo leva cada atividade? Risca com satisfação as feitas. E as pendentes? Em quanto tempo serão recuperadas? E se não houver mais tempo?

O que marca seu tempo vai pros cadernos mais perenes. Vai virar memória, vida vivida, lembretes pra não ser esquecido. Mais cadernos acumulados no tempo.

#desafio4maio2022 — escrever uma poesia a partir da palavra tempo / Clube da Escrita Afetuosa, de Ana Holanda

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