Carta para Jaqueline
BH, 26 de fevereiro de 2022.
Cara Jaqueline,
Espero que esteja sempre bem. Bem de saúde, física e mental por onde quer que vá. Por aqui continua tudo bem louco, menos dentro de mim, porque resolvi seguir serena, embora atarefada e de vez em quando, muito cansada. Quando isso acontece tomo um banho demorado, abro o melhor vinho e coloco uma música linda. Isso me relaxa! A sensação que tenho é que com a pandemia, veio junto um acumulo de trabalho, um excesso de informação, e ainda, mesmo estando vacinada, às vezes me pego com medo de gente. Vamos ter que reaprender a abraçar de novo. Sempre gostei de gente. De conversar, de contar caso, de rir e de abraçar. E disso não abro mão.
Por aqui, a política no país, ‘ai meu Deus, nos ajude’. Pode ser que esse ano mude alguma coisa pra melhor porque teremos eleições e cabe a nós melhorar isso. Pra completar o desastre total, explode uma guerra lá do outro lado do mundo, que vem deixando cair estilhaços por aqui. Mas continuemos emanar energia positiva e torcer para acabar logo e o povo da Ucrânia ter a vida reestabelecida, recuperar seus lares, hortas, álbuns de família e a paz.
Sigo seguindo porque apesar de tudo tento continuar sendo aquela otimista obstinada de quando tinha 20, 30 anos, apesar dos pesares. Sei que sou uma privilegiada porque trabalho com o que gosto, tenho casa, família linda, livros, bons amigos, um cachorro que me adora e bons vinhos. Os projetos estão expandindo e às vezes é preciso ‘pegar a bolsa e sair correndo’, dar um tempo, respirar, voltar pra yoga, pra meditação e buscar o equilíbrio perdido. Já fiz um ano de Clube de Escrita e a carreira de escritora segue engatinhando. Muito estudo, cursos, leitura, leitura, leitura, escrita, erros e acertos. Mas sigo acreditando que vai dar certo.
Mesmo com tanta loucura, desavenças, energia negativa, gasolina exorbitante, crises homéricas de ansiedade, erupções na pele, um aparecimento de um bruxismo; a jabuticabeira deu frutos enormes de novo, as plantas estão lindas, folhas brilhantes e exuberantes, Dudu, o cachorro, fez seis anos, a helicônia deu flor pela primeira vez, eu e minhas irmãs levamos as crianças na cachoeira que a gente ia quando crianças, e foi um fim de semana divertidíssimo. E por falar nas crianças estão crescendo lindas e inteligentes!
Vou me despedindo com a certeza de que vai ficar bem, e daqui vou me esforçando pra tudo dar certo, ou pelo menos os sonhos, os desejos, as viagens e os projetos.
Um abracinho apertado e fique sempre com Deus!
Com amor
Cristina