Como foi ser forte e corajosa?

Michelli Possmozer
Clube da Escrita Afetuosa
2 min readMar 7, 2022

Querida Michelli;

Não costumo te enviar cartas. Na verdade, fazer este exercício de escrever esta carta para o seu “eu” de dezembro de 2022 está sendo bem difícil. Isso porque há muitos sonhos e desejos entre o dia de hoje e o mês de dezembro. E, junto deles, sabemos que há os percalços no caminho, aquelas pedrinhas e obstáculos que tentam impedir a realização desses mesmos sonhos e desejos. Mas, o quero saber de você, neste mês de dezembro em que lê esta carta, é: como foi ser forte e corajosa?

Conhecendo você como conheço, sei que esses percalços no caminho não foram suficientes para te fazer desistir. Você entrou no Clube da Escrita em fevereiro, com a pretensão de trazer mais fôlego para o projeto de escrita do seu livro. A ideia para esse livro nasceu no momento mais difícil da sua vida: quando descobriu que tem o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB).

Você, inicialmente, ficou desnorteada e, por não saber quase nada sobre o assunto, pesquisou muito e descobriu que poderia levar uma vida normal. E todo esse conhecimento e experiência não poderiam ficar só para você. O seu desejo é compartilhar esse conteúdo com outras pessoas e levar informação para aqueles que vivenciam a mesma experiência. Sim, você quer levar informação e ajudar outras pessoas por meio da escrita. Esse é o seu maior desejo. Como está nessa empreitada? Até março de 2022, você ainda estava meio perdida nesse projeto. Escreveu o esboço da organização dos capítulos e um capítulo inicial, mas não estava conseguindo administrar o tempo para evoluir. Espero que, neste mês de dezembro, as atividades do Clube da Escrita tenham te proporcionado o fôlego que almejava para dar continuidade e esse projeto tão bonito e que deseja tanto.

Além disso, você sempre gostou de escrever. Mas é cheia de medos. Medo do que os outros vão achar dos seus textos. Medo de que a sua escrita seja muito superficial ou clichê. Medo de não saber escrever mesmo. Medo de não ser lida. Medo de ficar no lugar comum e não conseguir afetar o outro. Sim, são muitos medos. E, certamente, o ato de exercitar a escrita todos esses meses não fez com que eles fossem embora. O medo é insistente. Ele está sempre ali. Mas espero que, diante de todos esses medos, você tenha tido coragem. Coragem de seguir andando e movimentando esses medos. Afinal, coragem não é não ter medo. “Coragem é o medo caminhando”, como disse Susan David.

Espero que após esses meses nesta jornada pelo mundo da escrita, você tenha conseguido alcançar seus objetivos. O seu livro, escrever mais, crescer enquanto escritora e ter se tornado mais confiante para ocupar este lugar, que muitas vezes é tão difícil, o lugar da página em branco. E é difícil porque escrever exige criatividade e uma atidude inovadora. É preencher todo aquele espaço em branco com palavras que saem de dentro de você. Para finalizar esta carta, quero deixar um exercício: responda-me, com outra carta, como foi ser forte e corajosa durante esses meses? Tenho certeza que terá muita coisa para contar.

#03fev22

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