Deixar estar

Carlaprates
1 min readSep 28, 2022

--

Eu olho pra ele e não consigo dizer não.

Queria poder. Não posso.

Queria limitar. Não limito.

Deixo me invadirem com minha ausência.

Depois, vem desalento.

Mas como sou resiliente, lido bem com a adversidade e sigo em frente.

Em uma vida um tanto inconsistente. Nublada.

Depois resolvo. Depois eu vejo. Depois eu converso. Depois…

Um depois que nunca chega.

Só chega na urgência.

E na urgência não há como NÃO impor limites.

Só que não é a gente que coloca, é a vida.

Ela diz “CHEGA” para situações que deixamos estar, só estar.

Nem a vida aguenta.

A gente teima em suportar.

Vem um aviso. Outro alerta.

Um sinal mais efusivo, em letras neon.

E a gente cisma, só mais um pouco…

Só até amanhã e depois e depois e depois.

Passam assim quase 20 anos.

Os outros dizem: “como você suporta”?

“Como aguenta”?

Nem eu sei…

Só sei que, para isso, vou passando por cima de mim mesma.

Até que não me encontro mais,

A ponto de ter que me resgatar em um limbo interior.

Nem o que quero, eu me lembro mais.

Perdi o hábito de ter opinião.

Não enxergo mais a clareza dos limites

O outro vai nadando de braçadas neste mar,

Até que vem o tsunami.

A vida impondo o que não tive como marcar.

A mãe natureza complacente invade.

Derruba tudo.

O que um dia foi e o que poderia ter sido.

E eu? Só deixo estar…

--

--

Carlaprates

Jornalista, apaixonada por ler, escrever e pela vida!