Empatia, só que não…

Monica Martin
Clube da Escrita Afetuosa
2 min readMay 28, 2021

“As horas não passam, que tédio!” ou “De repente, já é maio, nem vi abril passar.” , frases como essa fazem parte da minha rotina. Um conflito com o tempo que parece não fazer sentido. Por vezes, meu dia começa com esforço. Levantar da cama e abrir a janela exige muita energia. Como combater as sirenes das ambulâncias na avenida que não cessam ou não ver no céu muitos aviões em suas rotas? Numa tentativa de fuga, vou para o celular, mas sem sucesso. Há muito mais “Meus sentimentos” que “Feliz aniversário” nas redes sociais. Um choro invade a alma, um não sei do que sentir ou pensar. Nessa hora me imagino nos lares das pessoas, onde a infelicidade assola o jovem e o velho, um por não viver ao máximo, o outro por não saborear os anos que lhes restam. Todos retidos pelo “Não”.

Na verdade, nem todos. Olho na rua. Pessoas sem máscara, falando e gesticulando num dia qualquer de sol. Muitos não suportam isso. Seus atos gritam. Imagino que pessoa é essa diante da realidade dos números que não mentem. Me proponho estar nesse lugar. Vejo a negação que diz “vou sair e pronto”. Como pensar a morte tão de perto. Melhor não ver, não escutar, anestesiar-se da realidade. Não aceito. Tento de novo. Vou por outro caminho, pelo sentimento. Sinto a soberba, como se fosse a voz da razão, só que de ponta cabeça. Um exercício enorme de empatia, na tentativa de pensar e sentir como agem. Mas, em verdade, sou julgamento e nada mais. Cada tentativa resulta em indignação. O próximo passo, seria o diálogo. Não me atrevo. Roman Krznaric, historiador da cultura, aponta que a empatia é a pílula da paz. Estou muito longe disso.

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Monica Martin
Clube da Escrita Afetuosa

Apaixonada por ouvir pessoas, estimular ideias e a construção de projetos de vida. Amo livros, boas conversas e longas caminhadas. Da escrita, uma aprendiz.