EXTREMOS
#003ABRIL22
Paz
Experiência capaz
De subtrair diferenças
Pluralizar quietudes
Exercitar o que de melhor se possui.
Insaciável. Voraz.
Assaz, porém nunca demais
Silente em seu burburinho interior
Benevolente, ainda que mordaz
diante de iniquidades
daquilo que desagrega
desestabiliza. E não flui.
Guerra
Estado alucinante
E de embriaguez coletiva
Devora. Enterra
Engole
E regurgita
Vidas recém nascidas.
Monstruosamente capaz
De abreviá-las.
Multiplicam natimortos
Encerra existências
sem reticências
Ponto final.
Paz e guerra
Duas frentes da mesma batalha
pela sobrevivência
Ainda que a morte — inevitável condição humana-
Seja o alimento das armas
E das mentes insanas.
Em contrapartida
É do próprio existir
Que a paz se retroalimenta
Refaz
E reverbera atitudes
De respeito
Diálogo. Gratitude.
Tudo o que realmente importa.
Guerra e paz.
Incansáveis. Insaciáveis
Ainda que, na essência, distintas.
Em nome da paz, se inicia uma guerra.
Para encerrar uma guerra, são justamente imperativos
Os acordos de paz.
Extremos que se conectam
Justamente por aquilo que lhes falta.