Godê guarda chuva.
Você que nasceu depois dos anos 50, talvez não saiba o que é isso. Eram vestidos ou saias, imensas que se colocadas num plano, eram um circulo perfeito. E tem mais, eram recheadas de muuuitas anáguas para que ficassem bem armadas. Eu as achava bonitas mas, eram incomodas, caras, difíceis de obter.
Em casa nosso dinheiro era muito contado porque papai ganhava pouco e mamãe era pão dura. Tínhamos bailinhos toda semana e eu tinha um único vestido que era já de garota , os outros eram de criança. O vestido era lavado, passado e guardado após cada festa. Porém um dia um dos rapazes perguntou se eu tirava o vestido para tomar banho. Meu mundo de adolescente caiu!
Aí resolvi ganhar o meu dinheiro e fazer as minhas roupas. Eu dava aulas de matemática, lia os livros e fazia os trabalhos pelas meninas ricas do bairro. Aprendi com um amigo que tinha irmãs, a usar a revista Burda, onde os moldes já vem prontos e isso me salvou, ou seja, como adolescentes são dramáticos, salvou a minha vida!
Voltando aos anos 50 tínhamos bailinhos toda semana, na casa de alguém e para isso bastava uma “vitrola” e um espaço para dançar. Você tinha que esperar o rapaz te tirar para dançar, o inverso não era permitido. Eu tinha um problema sério de altura, sempre fui a última ou penúltima da fila e normalmente eu era maior que a maioria dos garotos. Acabava com o nariz na brilhantina que se usava no cabelo, nesta época.
Bom mesmo era o fim de ano, os bailes de formatura de ginásio ou colegial. A gente dançava muito, havia orquestras tocando, crooners (cantores) cantando. As seleções de um tipo de música duravam cerca de vinte minutos e se o par era ruim, não dava para deixar e sair fora, mesmo que você notasse toda a excitação do par. Não era de boa educação “dar tábua”, ou seja, não aceitar um pedido de dança. Nossos vestidos eram lindos e nos sentíamos princesas. Abaixo minha formatura do ginásio em 1954.
Finalmente no meu baile de formatura do “científico” comecei a namorar o meu amor, em 25 de janeiro de 1958. Já passamos juntos por muita coisa, mas o amor continua o mesmo.
