Ladra de manga
Você roubando manga do pé
Tão certinha que é
Foi impossível resistir fotografar
O único crime que te vi participar.
Te mostrei o retrato e odiou
“Estou velha”, disse, e desviou
Mas para mim foi impossível “desver”
A vida agindo em você.
A voz mais rouca e as linhas no semblante
Me lembram que o tempo não será o bastante.
Mas para além do medo que tenho de te perder
Vi uma beleza nascer.
Baba Yaga te sopra as brigas que valem lutar
As ervas que planta sabem curar
Não tem mais vergonha de dançar
E foi a primeira vez que te vi pintar.
O mundo nunca permitiu que cuidasse de si
Como cuida do seu jardim.
Então, quando te vi florir
Estava mais perto daquilo que verdadeiramente é:
Feliz.