Mais azul que rosa
Ainda de olhos fechados, Sofia percebeu o vermelho do sol. Abriu os olhos e escaneou seu quarto mais azul que rosa. Esticou os braços e pensou nos amigos: esperavam por mais um dia. Despertou de vez e sacudiu o lençol.
Logo encontrou Tônia, a parceira mais antiga. Negra e com um penteado sempre arrumado, compartilhava com a outra o gosto pela leitura. Tônia era forte de nascença. Riam alto com o espirro de um dragão, o pum da menina sonolenta e a amarelada de medo que transformava um lobo num bolo.
Às vezes, se vestiam iguais: calça jeans, blusa amarrada na cintura e turbante vermelho com bolinhas brancas.
Inseparáveis até na hora de dormir, as duas se agarravam com frequência. No aperto, se via um riso de olho, um bem querer inocente. Quase não tinha desavença. “Fica aqui, Toninha”, reclamava Sofia, às vezes, em voz áspera, quando a amiga insistia em sair do lugar marcado.
Ali o tempo não corria.
Módulo 3 | Desafio 4