O vazio da escrita

Elaine Alves
Clube da Escrita Afetuosa
1 min readFeb 15, 2022

Pode parecer meio contraditório eu escrever sobre o vazio da escrita, logo eu, que sou preenchida por ela todos os dias.

Todos os dias ela me desperta para quem sou, insistindo em mostrar que o caminho é para dentro.

É desbravar o que falta conhecer de mim mesma.

Ela insiste.

E não me deixa dormir em meio a tanto barulho, barulho esse, que embala e entorpece, nos afastando de quem somos. Um medo sem fim de se perder de si.

Ela esta aqui, caminhando e conhecendo junto meus dias que são, e os que estão por vir.

Eu a sinto, a vejo, e quase posso sentir seu cheiro.

Mas vai que, por algum desaviso, ela decide partir como tantos partem?

E me deixe aqui, sem sua mão para segurar, ou o seu colo onde posso me debruçar quando a vida amargar.

Talvez, se eu fingir autossuficiência, ela se apegue e fique.

Talvez, se eu fingir que não nasci para escrever, ela não se afaste.

Manter perto, mas não mergulhar, tem sido minha tática então, afinal, é um medo enorme. Esses de paralisar, sabe?

Medo do vazio tomar conta, da inspiração findar, de não ser boa o suficiente, de ser boa mais que suficiente, medo de me jogar no desconhecido.

Medo de encarar de frente minha alma.

Medo de aceitar, que ela nunca vai me deixar.

Com amor, Elaine Alves.

Desafio1/fevereiro

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