Olinda

Andreza Lucena
Clube da Escrita Afetuosa
1 min readApr 7, 2022

Olinda era seca de tudo.

Na Caatinga, a aridez.

No Cactos, o espinho.

Nunca nascente doce.

Nunca o abrir de rios.

Tudo nela era

Reto.

Rude.

.

Seu corpo

negava-se às curvas.

Quaisquer.

Não foi mãe.

O Temer

o redondo da barriga.

O Pavor que lhe

Desequilibrasse sua

parca

Sanidade.

.

Dos outros, mal sabia.

Desinteressava-se.

Ocupava-se de si somente.

O corroer do velho

Abandono

Re pe ti do

em nova cena.

.

A casa que lhe

Guardava as

Retidões

era desértica.

Inóspita.

O macio do conforto

não lhe existia.

O cimento lhe queimava

o chão e

o coração.

.

Ela culpa a brecha

na janela.

O intervalo

no concreto

deixou entrar

a luz

e também

O Gato.

.

Peludo insolente disse a velha vou dar água hoje mas não vá se acostumando pois não sou de dar nada nem suor sai de mim para a terra não vou lhe alimentar nem lhe dar moradas.

.

Ele, já corda,

entre as pernas da velha.

Miou como se pedisse

companhia

para um café ou

para a próxima dança.

.

Tirou-lhe

do assento onde

enredara-se Olinda.

Desacostumada a galanteios,

os olhos já fechados,

a Velha sentiu o eriçar de pelos

do Felino.

Apaixonaram-se.

Ele lhe lambeu os dedos.

Primeiro beijo.

#Desafio01abr2022

--

--

Andreza Lucena
Clube da Escrita Afetuosa

Escrevo sobre as (des)importâncias e (in)utilidades da vida. Estou no @escrevoemmaiusculo. Aguardo você! =)