Para não morrer
Sou fumaça de incenso, nunca uma única forma,
onda de mar, muitas outras em sucessivo movimento contínuo,
gota de orvalho, escorrida da folha, bebida pela terra.
Sou raio de sol fugidio, transformado num piscar dos olhos maravilhados
arco-íris que caminha pela parede, sem que seja possível tocar
chuva a tamborilar no telhado, música produzida sem partitura prevista.
Sou vento na fresta da janela, cortina que dança ao ritmo suave do sopro,
café que fumega em manhã de frio e neblina,
sabor das frutas maduras e suculentas ao fim do verão.
Sou o amor que escorre dos meus olhos ao vê-lo dormir.
o sorriso escancarado ao mirar seu corpo amado
o encantamento da minha alma ao ouvi-lo falar.
Sou as palavras que escrevo para permanecer, para não morrer.
Desafio 4/dezembro