Pular de ponta

O trampolim era para profissionais com vinte degraus. Subi, um a um verificando as distâncias, calculando o passo, receando cair imaginando se eu saberia nadar.

Faziam dez anos que eu não mergulhava, que não experimentava a sensação da água sobre o corpo, as mãos levantando compassadas, alternando juntamente como os pés em ritmo.

Cheguei ao topo. Olhei em frente firmando o olhar para o horizonte. Encarei a insegurança e pulei de ponta.

Senti os poros, a pele, o rosto, a boca, o sexo. Emergi do fundo para a superfície. Estava viva!

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