Tempo, cor e sabor

Lá está ela. A velha mala carregada de fotos antigas, mas não se trata apenas de fotos, e sim de histórias vividas, registradas e carimbadas na memória do coração.
As fotos sempre me remetem a saudade, e para mim, saudade tem cheiro, cor e sabor.
Tem o cheiro do café feito no fogão á lenha na casa de minha avó materna.
Ao olhar a foto de minha avó ali diante do fogão à lenha que ela tanto gostava sou capaz de fechar os olhos e me transportar para aquela época. Posso até ouvir sua risada tímida ao sair daquele sorriso largo e bonito que só ela tinha.
Saudade tem gosto. Vontade imensa de voltar no tempo e sentir o gostinho daquele café novamente.
Saudade também tem peso. Lembrança que chega a doer no peito, e quando pesa muito transborda nos olhos. Isso acontece com certa frequência quando olho as fotos de minha mãe que partiu tão cedo sem me dar à oportunidade de vê-la envelhecer.
Ah, mas saudade também tem cor, aliás, muitas cores. Elas aparecem quando contemplo os registros dos diversos momentos maravilhosos ao lado dos meus pais e irmãos ou quando revejo as fotos com meus primos registradas nas épocas de natal.
Cada um fazendo mais gracinha que o outro na tentativa de atrapalhar as fotos. Era diversão garantida e a gente se divertia muito.
Fotos são lembranças. Lembranças são fotos registradas no papel e na memória do coração!
Feitas para recordar e reviver sempre que desejar. Uma memória intima. Só nossa e de mais ninguém.