Um amor cotidiano

Paola Lima
Clube da Escrita Afetuosa
2 min readMar 29, 2022

Todos os dias ela acorda e procura por ele. É com seu “bom dia” que ela começa a viver. Quando ele está ao seu lado na cama, o cumprimento vem sonolento, ainda rouco, meio sussurrado no ouvido. Esses são os melhores dias.

Na maioria das vezes, porém, o bom dia vem de longe. Uma mensagem no celular, um bilhete na mesa da sala, junto com o pão da padaria preferida. Ela aprendeu. É de “bom dias” que é feito o amor. Mortal, posto que é chama, diria Vinicius. Cotidiano, principalmente, diria ela.

Se não acontece de tomarem café juntos, o encontro para o almoço não pode faltar. Eles se veem no restaurante perto da firma, menos tempo sentados juntos do que no trânsito e procurando vaga para estacionar. Cada minuto gasto no percurso, no entanto, vale a pena depois de receber o beijo dele, admirar seu sorriso, almoçar ao som da sua companhia.

Ao longo da tarde, normalmente tomada por reuniões de trabalho, o amor vem em pequenas doses. Haicais brincalhões, uma notícia importante, uma boa música. Mensagens despretensiosas, sinais de que ele pensa nela tanto quanto ela pensa nele — seja nas pausas, seja com a cabeça ocupada de tarefas.

À noite…

Ah, a noite…

É chegada enfim a hora em que o amor se faz concreto. Voltar para casa é pura alegria. Mesmo que não haja nada para se fazer. Porque fazer nada com ele por si só é especial. Dividir uma pizza e um vinho. Uma comida no delivery, quando estão muito cansados. Ouvir música. Conversar à toa. Assistir televisão, jogados no sofá. Cenas cotidianas que encantam mais do que os maiores encantos, por serem encenadas com ele.

E é disso que se faz eterno o amor. De presença. De infinitos carinhos e cuidados. Ao pegar no sono, ao lado dele mais uma vez, o coração preenchido por mais um dia comum, ela relaxa com a certeza de amanhã terá novamente um “bom dia”.

03mar22

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